CORDEL PARA BRINCAR

Hoje estou um tanto louco

querendo trocar os versos

atravessar o oceano

solfejar no seu reverso

pegar sovaco de cobra

pois sou pau pra toda obra

as verdades não contesto

Velejar em mar aberto

rodopiando cascavel

matando cachorro a grito

desenhado no papel

sorrir pra triste figura

amenizar as agruras

me lambuzar todo com mel

Futebol com elefante

correr atrás de macaco

pintar os sete dormindo

desprezar qualquer recalco

degustar manga com leite

ter você no meu deleite

num compromisso marcado

Pescar peixes com um balde

subir escada pra lua

polir todas as estrelas

fazer limpeza na rua

dormir no fio elétrico

ser escritor eclético

desenhar mulheres nuas

Andar descalço na brasa

comer moqueca de peixe

voar como os pássaros

se não me quiser, me deixe

acender vela de carro

fazer santinho de barro

para que você me beije

Pular de ponta cabeça

residir no fundo do mar

passar os dias sorrindo

antes do mundo acabar

nunca ser um proxeneta

botar tinta na caneta

tomar porre de guaraná

Ser viciado em sexo

fazer muita palhaçada

zombar de quem se diz sério

jogar bola na calçada

botar corrupto na cadeia

embelezar a mulher feia

ser feliz na trapalhada

Mandar pra ponte que caiu

esses tolos orgulhosos

que pensam ser mais que outros

mas são cagões pavorosos

plantar roseiras nos jardins

meios não justificam os fins

Desabafei neste cordel

meus fantasmas de outrora

já posso apagar a noite

abraçar minha senhora

vou cantar para estrelas

quebrar todas as cadeiras

chega, eu paro agora!

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 04/06/2012
Reeditado em 04/06/2012
Código do texto: T3705897
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