É triste... Autor: Damião Metamorfose.
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Triste é ver uma meretriz
Com setenta anos de idade.
Feia, velha, abandonada
E cheia de enfermidade.
Vendeu amor no passado,
Hoje implora a caridade...
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É triste ver na cidade
Pessoas passando fome.
Sem lenço e sem documento,
Sem nome e sem sobrenome
Quase afogadas no lixo
Tiram de lá o que come...
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A tristeza que consome
A alma do agricultor.
Vendo a plantação morrer
No pendão murchando a flor.
E os seus animais berrando
De sede, fome e calor...
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É triste ouvir um pastor
Com aquela gritaria.
Batendo na mesma tecla,
De salvação e arizia.
Querendo salvar o bolso,
Meu Deus! quanta hipocrisia...
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Era triste a carestia
E o explorador mesquinho.
Os banqueiros e os seus juros,
É uma pedra no caminho.
E é triste ver em gaiola
O inocente passarinho!
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Os crimes do colarinho
Branco, são tristes demais.
Tem cada um que até foge
Das coisas ditas normais.
Pior que os dos meus avôs,
Meus bisavôs e os meus pais...
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É triste os gritos e ais
Dos pais quando perdem um filho.
A vida perde o seu rumo,
A luz também perde o brilho.
Por não brilho e nem rumo,
Muitos apertam o gatilho...
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Jovens não é um empecilho
Mas curtem a futilidade.
Amam coisas descartáveis,
Vazias sem qualidade.
Triste saber que são eles
Nossa continuidade!
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Quem tem muita vaidade,
Ódio, inveja, ambição...
Tem um sorriso forçado
Sem muita convicção.
É triste vê gente assim,
Sem alma e sem coração!
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É triste ver um irmão
Voltar à vida bandida.
Quem gritava: eu estou salvo!...
Das armadilhas da vida.
Hoje grita: bote outra,
Que a vida é pra ser vivida!
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A criança desnutrida,
É triste vê-la sofrendo.
Com fome, sede ou doente...
Chorando e se maldizendo.
Sofre ela com as dores
Sem dor, fico me doendo!
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É triste e eu não entendo
Por que tanta negligencia.
Com os políticos corruptos
Que fazem tanta indecência.
E o povo que é inocente
É quem paga a penitencia!
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A falta de competência
De quem governa a nação.
É triste, mas é normal,
Faltar para a educação,
A saúde e a cultura
Do “macaco cidadão”
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É triste ver um irmão
Matando o outro por “nada”
Ver inocente indo preso,
Por estar na hora errada.
E o culpado de férias,
Feliz dando gargalhada!
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Espero nessa jornada
Antes que eu desça ao caixão.
Ver um mundo mais tranqüilo,
Mais feliz, sem agressão...
Por enquanto eu acho triste
Ligar a televisão!
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Eu pago com inflação
Água, luz, a net e o gás.
Açougue e supermercado...
Está de cair pra traz.
É triste, mas vou pagando,
Pra poder dormir em paz!
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Nesse corre e corre atrás,
Todo dia morre gente.
Morre de morte morrida,
De tiro de bola e pente...
É triste, mas é verdade,
Quem fala a verdade mente!
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Procuro ser sorridente,
Mesmo sem tá radiante...
Para espantar olho gordo
Não tem coisa mais brilhante.
Porque essa gente é triste,
Não tem nada interessante!
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É triste ver retirante
Perambulando nas estradas.
Com cara de esfomeado,
Calça e camisa rasgadas,
Pele queimada do sol
Pés e mãos, estropiadas
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As crises são variadas
Assolando a humanidade.
Os jovens sofrem de insônia,
Os mais velhos de saudade.
Uns faltam ter fé em Deus
Ou desconhecem a verdade.
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Falta solidariedade
No continente africano.
Brancos massacrando os negros
Acho triste e desumano.
E os presidentes turistas
Viajam mais que “cigano”
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Tempo frio todo ano
Mata o morador de rua...
Que vive sempre ao relento,
Corpo e alma seminua.
É triste porque seus tetos
Não ampara a luz da lua!
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E triste mas continua
De manhã ao entardecer...
Sem ter chances de emprego
Sendo obrigado a viver
Se humilhando para os outros
Pedindo para comer...
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Muitos começam a querer
Antes de ficar maduro.
Muitos não conhecem a si,
Mas quer ir além do muro.
É triste o querer demais,
Porque deixa o puro impuro!
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É triste esses sem futuro
Que estão sempre no poder.
Quando favorece a eles,
Assinam o texto sem ler.
Mas se favorece o povo,
Não lê e nem quer saber...!
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É fácil a gente ver
Os sem pais, os sem comida...
Que estão se multiplicando
Nas ruas e avenida.
É triste essa realidade,
Mas faz parte dessa vida!
*
Vê essa gente sofrida
Que não crer nem no que vê.
Que é deserdada do mundo
Que habita eu e você...
É triste vê essa guerra
De audiência na tevê!
*
Fim.