BRIGA DO LAITE COM O CAPETA III

XXIII

Pisando na galinha

O diabo escorregou,

Quando o viu caído

O Laite se aproveitou,

Foi um chute no saco

O cão desmunhecou.

XXIX

Pegando a espada

De novo Laite atacou

Com uma estocada,

O rabo do cão cortou

O cão mandingueiro,

Pegou o rabo e colou.

XXX

Ai foi um tome pega

Com soco e patada,

Capeta metia a unha

O Laite dava dentada,

O cão metia o chifre,

Laite dava porrada.

XXXI

Era pulo e pancada,

E golpe de todo jeito,

Um acertava barriga

Outro batia no peito,

Cão batia a esquerda

Apanhava lado direito.

XXXII

Cansado de apanhar

Daquele cão gigante,

Não baixou para o tal

Pra não virar amante,

As orelhas inchadas

Parecia um elefante.

XXXIII

Capeta fez um ataque

E pegou numa gravata

Na posição que ficou,

Laite achou meio chata

Deu um tranco se soltou

E meteu a mão na lata.

XXXIV

O capeta usava o rabo

Como se fosse chicote,

O Laite pulava de lado

Depois dava de pinote,

Mas o cão se descuidou

Levou soco no cangote.

XXXV

Capeta ficou nervoso

Soltou o fogo quente,

Apelou pra feitiçaria,

Apareceu um tridente

Pra garantir sua vitória

Apelou para parente.

XXXVI

A volta da encruzilhada

Ficou cheio de capeta,

Dentro da roda fechada

Laite viu a coisa preta.

Diabo chifre quebrado,

Caolho e cão perneta.

XXXVII

O diabo gritava come,

Diabas jogavam tijolo,

Tira logo a roupa dele

Vamos comer o crioulo.

E Laite se viu acuado,

Sem carinho e consolo.

XXXVIII

Movido no desespero

Pensou o jeito é lutar,

Coisa que mãe beijou

Capeta não vai sujar,

Morro mas é brigando

Parado não vou ficar.

IXL

Eu vou dar é tanto rabo

De arraia neste capeta,

Vou dar soco cacetada

Dar pernada e pirueta,

Vou fazer estes diabos

Verem a avó pela greta.

XL

O capeta muito safado

Lendo a estrofe de cima,

Só leu o primeiro verso

Esqueceu até da rima,

Cara de sem vergonha

Não perdoa nem prima.

XLI

O Laite partiu pra luta

Dando logo salto mortal,

Dizendo eu não sou puta

Para sair no seu jornal,

Chame sua mamãezinha

Pra fazer seu bacanal.

XLII

A galerinha do diabo

Faziam a maior zoeira,

De tambor e berimbau

Puxaram a pagodeira.

Lúcifer deu um salto

No estilo da capoeira.

XLIII

O Laite rolou no chão

Passou o rodo sem dó,

Capeta fez o corrupio

Girando uma perna só,

E o Laite deu um pulo,

Aprendeu com pai Jacó.

XLIV

Cão viu que capoeira

O crioulo tava afiado,

Eu pego minha espada

Acabo com o safado,

Levou o chute na cara

E lá caiu desacordado.

Amanhã continua.

Se não ficar com sono

Trovador.

Trovador das Alterosas
Enviado por Trovador das Alterosas em 31/05/2012
Código do texto: T3697916
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