Eu canto

Não preciso de dinheiro

Basta despontar o dia

Que eu me entrego à cantoria

Canto o meu tempo inteiro

Na cozinha ou no chuveiro

Quando a esposa se levanta

Pra regar a nossa planta

Pra cantar eu só preciso

Conquistar o seu sorriso

E ter força na garganta

Canto pra alegrar você

E sanar um pouco a dor

Canto de um jeito amador

Com gostinho de pavê

Canto sem pedir cachê

Canto até sem ter platéia

Do contrário uma apineia

Pode invadir meu peito

Canto quando estou no leito

Junto da minha plebéia

Canto andando na calçada

Ou quando ando pelo barro

Canto quando estou no carro

Numa via engarrafada

Mas se pego a estrada

Canto até o meu destino

Cantar não é desatino

Cantar traz felicidade

Tenho a maturidade

Mas canto desde menino

Canto no meu trabalho

Na entrada e na saída

Cantar ameniza a vida

Labirinto vira atalho

Fortifica cada galho

Faz a arvore frondosa

Seja em verso ou em prosa

Cantar não exige custo

Torna o mundo mais justo

E a vida maravilhosa

Quando estou solitário

Meu canto é companhia

Lembro alguma melodia

Escondida no armário

Meu passado relicário

Guarda as mais belas canções

Lembro todos os refrões

Que embalaram sentimentos

Que alegraram meus momentos

E curou as decepções

Quando canto o mal se espanta

Minha pessoa fica leve

Feito um floco de neve

Minha paz se agiganta

A criança se encanta

O mais velho presencia

Ganho aplausos de cortesia

E alguma admiração

Quando me encho de canção

Eu transbordo energia

O presente que eu ganho

Por viver sempre a cantar

É um brilho a iluminar

A retina do estranho

O valor é dum tamanho

Bem maior que uma légua

Incabível numa régua

A dimensão do Espaço

Cantar não trás cansaço

Cantar não pede trégua

Se esbarro na tristeza

A canção pede licença

O meu canto tem presença

Faz do seu ouvido presa

Cantar é uma beleza

Se eu cantasse igual Tenor

Causaria muito furor

Mas não sou profissional

Canto dum jeito anormal

Mas que espalha muito amor

O poder que tem o canto

É algo muito divinal

É forte como o temporal

Aquece como um manto

Coisa de cessar o pranto

Há os que não sabem amar

E os que amam de se acabar

Digo sem fazer engano

Não existe um humano

Que não goste de cantar

P S ASSIS

Pietro Assis
Enviado por Pietro Assis em 29/05/2012
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