"BRIGA DO LAITE COM O CAPETA II”
Valdemiro Mendonça
LAITE II
XVII
Laite disse seu diabo
Vê se não enche o saco,
Eu só vim lhe procurar
Porque to num buraco.
Pra me fazer um favor
Trouxe galinha e tabaco.
XVIII
Perdi minha namorada
Levei uma coça sem dó.
Quero a nega de volta,
E ver o pai no xilindró.
Para o seu pagamento
Dou o despacho e é só.
XIX
Capeta olhou pro chão
Disse o doado tá preto.
Charuto é marca sabão
Com vela não me meto
A galinha ta tão magra,
Mais parece esqueleto.
XX
A pinga eu vou tomar
Pois álcool não enjeito.
Se quiser algo de mim,
Vê se me paga direito
Se não a sua alma arde
No fogo onde me deito.
XXI
Vou levar é a sua alma
Embora não faça bem,
É que alma igual a sua,
Temos é dez vez cem.
Todas puxando o saco
Só chama de meu bem.
XXII
Nesta o Laite endoidou
Falou procurando rixa,
Seu cão de meia tigela
Cê vai ver minha ticha.
Arranco sua espinhela,
só pra fazer salsicha.
XXIII
Eu não tenho é chifres
Mas lhe dou cabeçada,
Nunca faço mandinga
Sou bom é de pernada.
Lhe quebro a carcaça
Deixo toda amassada.
XXIV
Vou dar tanta rasteira
Vou bater pra chuchu,
Andará igual malandro
Quando emita urubu
Vou dar chute e caratê
E um golpe de kung fú.
XXV
O cão deu uma risada
Disse tudo é besteira,
Porque eu luto jiujist,
Kung fu mais capoeira,
Vou cortar a sua língua
E fazer uma atiradeira.
XXVI
O diabo com um gesto,
Fez o tchaco aparecer,
Laite tirou a camisa
Preparou pra defender
O capeta sem aviso
Já começou a bater.
XXVII
O cão rodava o tchaco
Fazendo a arma zunir,
Pulando como macaco
O Laite tentando fugir.
O capeta sempre rindo
Começou a perseguir.
Continua, amanhã se estiar.