14 DEZ ANOS NUMA MONTANHA - (A corda e a serpente)

01 Depois daqueles momentos

Em que me vi acabado

Surgiu na tela uma estrada

Que passava num valado

Onde havia uma cobra

Que a muitos tinha picado

02 Eu me via caminhando

Pela via indo avante

Seguindo na direção

Do valo impressionante

Poucos por ali passavam

Com medo da agravante

03 Tendo meus cinco sentidos

Eu caminhava absorto

Era um simples andarilho

Pelo mundo ia solto

Tanto fazia estar vivo

Como também estar morto.

04 Quem observa o mundo

E sua composição

Sabe que os andarilhos

Não tem pátria nem nação

São pessoas sem valor

Entre a população.

05 O que não sabem, porém

É que existe um tema

Cada vida aqui existente

Segue um certo teorema

Seja a de um animal

Ou de uma planta terrena

06 Fazendo divagações

Na tela eu via claro

O momento em que eu entrava

Na profundeza do valo

Sem pensar que uma cobra

Cercava até cavalo

07 Aquele fato se deu

Em minha vida passada

Por isto a recordação

Vinha clara e iluminada

Quando eu avistei a cobra

Eu me vi numa enrascada

08 Eu só tinha em minha mão

Minhas coisas de andante

Entre eles uma corda

Para usos variantes

Mas para me defender

Não seria interessante

09 Mas ao ataque da serpente

Eu tive grande destreza

Lancei a corda na frente

Usando de ligeireza

Aquilo deu confusão

Foi pra cobra, uma surpresa

10 Creio que no pensar dela

A corda era coisa viva

Assim sua atenção

Teve outra diretiva

Me deu tempo de sair

Daquela hora opressiva.

11 A cobra enrolou na corda

Pude a cena contemplar

E ver ali meu passado

Quando o fato foi se dar

Mas atravessei o valo

Sem nada me embaraçar.

12 Dali criei um frase

Sobre coisa sem valor

A corda para a serpente

Levou peso de temor

Os andarilhos, porém

Levam o fardo da dor!

Continua...