13 - OS SINOS DA DESPEDIDA (Dez anos numa montanha)
01 O lugar que me encontrava
Me veio logo à lembrança
De um tempo já passado
Quando eu era criança
Ia à torre da igreja
Fazer a minha festança
02 Tal era tocar o sino
Por uma corda puxada
Que fazia o movimento
Dos badalos dar pancada
Fazendo tinir o bronze
Na corrente pendurada.
03 – Ao som dos sinos , o povo
Pra igreja se dirigia
Para fazer as rezas
Da santa Ave Maria
E nas manhãs de domingo
Para a missa que havia.
04 Mas eu só era chamado
Para em funeral tocar
O toque de despedida
Só eu sabia executar
Meu badalar era triste
Para todos meditar
05 Nas cenas daquela tela
Me vi a corda puxando
Num compasso melancólico
Um enterro anunciando
Uma jovem que eu amava
Ia esse mundo deixando
06 Ao meu lado, o vigário
Fora pra me consolar
Pois jamais ele subia
Na torre pra badalar
Mas minha tristeza era tanta
Que ele foi me confortar.
07 A morte da minha amada
Fez em meu ser um sentido
No som dos sinos tocados
Eu me sentia vencido
Talvez fosse a presença
Do amor interrompido.
08 De todas as outras cenas
Pelo jovem, projetadas
Aquela foi a mais triste
Por lembrar de minha amada
A voz do bronze tinindo
Em minha alma plantada
09 As lembranças da afeição
Que eu tinha pela menina
Parecia uma linha
Tecendo a minha sina
Eu tocava aquele sino
Numa tristeza de arrima!
10 Por fim a tal projeção
Em outra cena se deu
Nela vi quando o vigário
Do campanário desceu
Me deixou tocando o sino
Até que anoiteceu.
11 Num futuro eu escrevi
A história daquele amor
Eu ainda era criança
Mas já sentia a dor
De ter perdido alguém
Que pra mim era uma flor.
12 O tempo ia passando
Dentro da montanha escura
Cada filme que eu via
Era como uma aventura
A história de minha vida
Até eu ir pra sepultura!
--------------------------------------
continua...