Vai mexer com a moça!
Há! Vocês não sabem!
Pegaram-lhe pela beca e disseram:
- Seu fubica! Seu meleca!
- Qué que cê fez com a menina?
- Seu safado, seu roceiro!
E virando-se um pro outro...
- O home nem tem dinhêro!
- Vive às custa do irmão!
...E foram baixando a lenha!
Foi pernada, safanão
Tapa, pesada, empurrão
E corrida pelas brenhas
- Pega, pega, olha o ladrão!
Gritavam os justiceiros...
Quando atrás, há alguns segundos
Mencionavam dinheiro pro pobre do vagabundo
Era apenas um flagrante
Do amor sendo um vibrante motivo de confusão
Como se fossem os primeiros
A ter uma irmãzinha vítima de aventureiro
Essa não!
Se vocês vissem a garota!
Olhos negros, pouca roupa
A fazer todos de bobos
Vinha cruzando faceira
A pracinha, o pátio da feira
Nem parecia afetada
Afetada parecia, mas não era o que se via
Hum!
Sei lá o que se passa...
Sei que ela vinha com graça
Aproximando-se do bar
E a futrica começara
Disse que me disse,
- Para!
- Que a menina vai entrar...
E era nego abestalhado
Menino desembestado
E até o bebum da porta
De soslaio espiando
O bar-man com aquela cara
E o paninho no ombro
A tudo acompanhava
Sem nenhum sinal de assombro
- E aí?
- VAI UMA COCA?
- Sei não!Você tem pipoca?
Falou despropositada.
E o zum-zum-zum continuava
Mas a moça nem olhava
- Brigada!
Mas na piscada recebeu um bilhetinho
Foi embora como entrou... Deslizando
e me passou uma estranha sensação:
Será que foi o coitado recentemente apupado
O primeiro garanhão?
E será que aquelas pestes
Dos irmãos brabos da moça
Não sabia que podiam
Ter sido feitos de trouxa?
E a vida continua...
- VAI UMA GELADINHA AÍ?
...e o bar ao fim do dia
Guardava mais energia para outras elegias.