Se eu fosse Deus... Autor: Damião Metamorfose.

*

Se eu fosse por um momento

Deus, o Pai da criação...

Faria uma faxina

Sem usar pano ou sabão.

Limpando ou transformando

Coisas que não estão prestando

Encima e embaixo do chão!

*

Todo político ladrão

Ia a júri popular.

Depois perdia o mandato

E voltava a trabalhar

Sem ter remuneração,

Em ONG ou associação,

Para nunca mais roubar!

*

Dava ordens pra cessar

Os bombardeios no Iraque,

No Iran, na Palestina...

E a TV dava destaque.

Aos heróis lá das favelas,

Que combatem as mazelas

Tipo: cocaína ou craque...

*

Matava a fome de pão

Pra quem quer se ajudar.

Mandava os vagabundos

Todos para trabalhar

Numa mina de carvão

Nas profundezas do chão

Pra aprender a se virar!

*

Mandava trancafiar

“A turminha gente fina”

Que vivem roubando o povo

No congresso e na esquina...

Pra o baixo assalariado

Eu dava aumento dobrado

Para mudar sua sina!

*

Não tinha loto nem quina,

Telessena ou loteria...

Porque tudo que é jogo

De azar eu proibia.

Porém o trabalho honesto

Sem o salário indigesto

Pra todo mundo eu traria!

*

Eu jamais maltrataria,

Seja humilde ou orgulhoso.

Moldava o que não prestava,

Dava apoio ao primoroso.

Por ser um Deus de bondade,

Eu não fazia maldade,

Mas seria rigoroso!

*

Prendia o mais perigoso

Sem ter chance de defesa.

O predador de animais,

Comigo ia virar presa.

Como chefe do planeta,

Escravizava o capeta

No porão da fortaleza!

*

No meu reino com certeza,

Não tem júri popular.

Nem os tais advogados

Pra defender, acusar...

No meu reinado era assim,

Disciplinava o que é ruim

Para a bondade reinar!

*

Dava um jeito pra ajustar

A nossa sociedade.

Equilibrando as bases,

Seja do campo ou cidade.

Para a classe rica ou pobre,

Não deixo que falte ou sobre

Sentimento de igualdade...

*

Ensinava a vaidade

Respeitar o mais carente.

Dava inverno pro Nordeste

Sem estio e sem enchente.

Pra os Países Africanos

Bons invernos todos os anos,

Saciando aquela gente!

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Ajudava ao decadente

Fazia o surdo escutar.

Todos iam ter direito

A uma casa em frente ao mar.

Com um salário turbinado

Todo assalariado

Teria como pagar!

*

De vez eu ia acabar

Com a guerra entre a raça humana

Desativava as bombas,

Em menos de uma semana.

Ver o planeta irmanado

Seria o maior legado

Sem essa invenção insana!

*

Depois dividia a grana

Que é gasta em armamento...

Tudo em partes iguais,

Sem errar nem um por cento.

Quem não administrasse

E o dinheiro acabasse,

Dava a vida de um jumento!

*

Comida e divertimento

Para qualquer cidadão

Que quisesse trabalhar

Sem tanta reclamação...

Enrolão e vagabundo,

Eu dava um chute no fundo

Depois dava emissão!

*

Se eu fosse o pai adorado,

Acabava a violência.

Diminuía as doenças

Com o avanço da ciência.

E para os afobados

E aqueles mais estressados,

Dava muita paciência!

*

Dava mais inteligência

Para qualquer geração.

Incentivava os Poetas

Com verba e divulgação...

Para o Cordel de verdade

Ser a nova realidade

Na cultura e educação...

*

Acabava com o sermão

De tantos falsos profetas.

Que vivem usando a Bíblia

Para atingir suas metas...

E dava muitas bonança,

Aos puros feito criança

Com os reflexos dos poetas!

*

Das minhas obras seletas

Uma que é certo, eu faria.

Que era arrumar os tortos

Ou mais tortos deixaria.

Usando de sanidade

Mandava-os pra eternidade

Todos em menos de um dia!

*

Curava a hipocrisia

Dos que estão na elite.

Acabava com as bombas

Atômicas ou dinamite...

A minha prioridade

Era com a igualdade

De todos sem ter limite!

*

Ao “pastores” acredite

Que põem fiel em roubada.

Aproveitava as “igrejas”

Mudando só a fachada.

Sem esse lixo inimigo

As transformava em abrigo

Pra criança “abandonada”!

*

Gente dormindo em calçada

Se eu fosse um Deus de verdade.

Seria estagnado,

A fome e a crueldade...

Soco, pontapé e tapa...

Sumiam todos do mapa,

Adeus, bye, bye a maldade!

*

Acabava a insanidade

Brecava a corrupção.

Libertava os inocentes

Que se encontram na prisão.

E os verdadeiros culpados,

Seriam todos julgados

Sem jorrar sangue no chão!

*

Não deixava faltar pão,

Lazer, amor e carinho...

E repetia o milagre

De transformar água em vinho.

E mais uma vez repito

Que ia fazer bonito

Não seria um deus mesquinho!

*

Eu abria esse caminho

Da transposição pendente

E rasgava o são Francisco

De uma vez com uma enchente.

Acabava essa secura

E começava a fartura

Na mesa da nossa gente!

*

Não ia ter mais: não pode...

Pois todos iam poder

Ter as coisas que os ricos

Esbanjam-nos por não ter.

Nos dias do meu mandato,

Rico metido a gaiato

Iam aprender a viver!

*

Se eu fosse Deus pode crer

Que eu trabalhava a favor.

Da criança e do idoso,

Do moçinho e do senhor.

Não ia ter eu prometo,

Era igual pra branco e preto

Sem preconceito de cor!

*

Eu virava o estupor

Com o turismo sexual,

Trabalho escravo infantil

E com o êxodo rural.

E esse desmatamento,

Vira um reflorestamento

Evitando esse final!

*

Um calendário ideal

A favor de Fevereiro.

Todos os meses teriam

Trinta dias o ano inteiro.

São nunca eu eliminava

E assim também acabava

O dia do caloteiro!

*

Meu mandato verdadeiro

Ia ser bem diferente.

Tudo ia ser reciclado

Pra ser puro novamente.

O ruim seria ajustado,

O bom bem mais lapidado,

Lerdo, mais inteligente...!

*

Virgulino e a sua gente...

Eu trazia pra o Sertão.

Não pra serem cangaceiros

Mais violência? Isso não...

Era pra serem educados

Para serem civilizados

Exemplos de: cidadão!

*

Acabava a exaustão

E o preconceito cruel.

Botava um fim nos confrontos

De Gaza com Israel.

E sem fazer nem promessa

Cumpria o que me interessa,

Que é fazer mais um Cordel!

*

Fim

Damião Metamorfose
Enviado por Damião Metamorfose em 25/05/2012
Código do texto: T3687263
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