UMA PASSAGEM DA INFANCIA
Era uma vez uma menininha,
A segunda de onze irmãos
Ela, sempre tão quietinha,
Porém, uma observação:
Embalava-se sozinha
E sempre cantarolando
Embora pequenininha
Vivia sempre pensando;
Porém, de um jeito tão doce,
Que chamava a atenção,
Por mais simples que isto fosse
Vivia a lavar as mãos...
É que chupava o dedinho
E como deixa um odor,
Agia bem direitinho
Aquela menina flor,
Com algumas grossas luvas
Bem na hora de dormir...
Quanta maldade se usa,
Pra coisas simples proibir!
E quando isso acontecia
Sem lhe dizerem o porquê,
À noite, ela nem dormia,
Sem conseguir entender.
Entre tantas que podiam
Chupar o seu polegar;
Por isso não entendia
Tinha medo de apanhar,
Pois era tão castigada
E por isso se escondia,
Para não ser censurada.
Até pimenta botavam
Em todos os seus dedinhos
E ela somente chorava
Soluçando bem baixinho,
Não dormia, não cantava,
Só chorava por sofrer!
E sempre se perguntava,
O que poderei fazer?
Descobriu que há maldade
De adultos contra criança...
E qual a finalidade?
Fez com a noite uma aliança...
Mas não deixou de cantar
Também não teve mais medo,
De alguém lhe castigar...
E fechou-se em seu segredo.
Seu coração de menina
Tanta mágoa guarda ainda
E nos sonhos se abandona.
Hoje ela é uma mulher
Que ainda adora cantar;
Busca sempre compreender
Aqueles que a procurar.
E hoje, seus dedos deslizam,
Como se fossem um pincel
Seus tantos sonhos retratam
Enquanto contempla o céu.
Pois ela enquanto criança
Com luvas nas duas mãos,
Fez com a noite uma aliança
Para esconder a emoção.
Se esqueceu do polegar,
Ainda que seu coração
Permanecesse a chorar.
Ela escondia seu pranto,
Ninava-se pra adormecer,
Enquanto isso sonhando
De um dia não mais sofrer...
hoje, adormece cantando.