SOU POETA ENROLADOR QUE SÓ QUER FALAR DE AMOR

Quando o poeta descobre

Que sua rima está pobre

Mesmo q'ele se desdobre

Não lhe vem a inspiração.

Usando a imaginação

Ao menos pra enrolar

Nisso começa a cantar

Nos oito pés à quadrão.

Se a rima lhe castiga,

Mas a vontade lhe obriga

Por compor uma cantiga

Inventa até palavrão,

Diz coisas sem ter noção

Do que pode acontecer,

Só não deixa de escrever

Nos oito pés à quadrão.

É tão grande a cefaléia

Que até lhe seca a traquéia.

Louco pra ter uma idéia

Ele pega o violão

Pensa em uma canção

Que tenha um tema conciso,

Mas só vem um improviso

Nos oito pés a quadrão.

Mesmo sendo madrugada

Não rima nada com nada,

Mas com a estima abalada

Querendo a composição

Desliga a televisão

Chega de entretenimento,

Pois está seu pensamento

Nos oito pés à quadrão.

Sem ter ninguém do seu lado

Poeta fica estressado.

No cordel está viciado

Trocando até refeição.

Não quer deitar no colchão

E a rima que não vem,

Já escreveu mais de cem

"Nos oito pés à quadrão."

Alguém lhe diz que vicia

Essa tal de poesia,

É mundo da fantasia

Não lhe traz nenhum tostão.

Mas pra ele é obrigação,

Coisa de necessidade,

Pois só vê felicidade

Nos oito pés à quadrão.

Vejam só que coisa louca:

Já está abrindo a boca,

Sua voz ficando rouca,

Mas ele na contramão

Não lhe foge a tentação

Por mais um cordel composto,

Levanta e lava o seu rosto

Nos oito pés à quadrão.

Pra completar uma estrofe

Troca o coração por bofe

Buchada e estrogonofe

Troca queijo por sabão

Vendo que a situação

Já está ficando feia,

Mas não foge da peleia

Nos oito pés à quadrão.

Já lhe adormeceu os pés,

Já tomou quatro cafés

Pra ver se chega nos dez

Mas não tá fácil a missão!

Pôs ponto de exclamação

Onde não era pra pôr,

Mas não perde seu humor

Nos oito pés à quadrão.

Não é que esteja cansado,

Não quer é tu enjoado

Desse poeta enrolado

Que só diz embromação

Pra te chamar atenção

Na hora de ir dormir.

Neste, vou me dispidir

Nos oito pés à quadrão.

19/05/2012 19:03 - Mariamaria JPessoa Pb

Poeta não fica pobre

É rico por natureza

Pois ele canta a beleza

que guarda no coração

E quando, com emoção

Fala de amor com ternura

Todo lirismo mistura

Nos oito pés à quadrão.

Edilson Biol
Enviado por Edilson Biol em 18/05/2012
Reeditado em 20/05/2012
Código do texto: T3673924
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