“TRATO COM O GABIROTO”
Meu nome é Valdemiro
Apelido é perigoso.
Valdemiro Mendonça
Desandei a fazer rima
Aprendi na currutela,
Rio abaixo rio acima
Sozinho ou junto Dela,
Agora sei fazer gostoso.
Meu nome é Valdemiro
E o apelido é perigoso.
Já cacei onça pintada.
Jacaré e cobra sucuri.
Cantei na madrugada,
Fiz verso pra muriqui,
Que é o filho do fragoso.
Meu nome é Valdemiro
E o apelido é perigoso.
Tomei banho na cisterna
Pois maré negou marola.
Amarrei um bife na perna
Saí na rua pedindo esmola,
Falei ó, é coisa do tinhoso...
O meu nome é Valdemiro
E o apelido é perigoso.
Fiz trato com tarraqueta
Que no verso não embola,
Dava alma pro tal capeta
Pra me ensinar tocar viola,
Mas veja ô trem maldoso...
O meu nome é Valdemiro
E o apelido é perigoso.
Aprendi a sovar a corda,
E o bicho veio me cobrar,
Já que eu tava na engorda,
O senhor pode me carregar.
E ele sorriu todo sestroso...
O meu nome é Valdemiro
E o apelido é perigoso.
Quando ele veio satisfeito
Querendo me botar a mão,
Ele já me viu balançando,
Água dentro do garrafão,
Eu vi que ele ficou receoso...
O meu nome é Valdemiro,
E o apelido é perigoso.
Eu disse já que veio buscar
Então agora você aguenta,
Pois aqui eu vou lhe molhar,
E lavei o cão com água benta,
Êta serviçinho caprichoso,
O meu nome é Valdemiro
E o apelido é perigoso.
O rabudo caiu ali no chão.
Soltando fumaça no pigolê,
Gritei, desfaz o trato ô cão,
Ou jogo mais água em você,
Ele gritou certo ô maleitoso,
O meu nome é Valdemiro
E o apelido é perigoso.
Toquei no festival de inverno
Mas a viola é muito chorona,
Eu baixei de novo no inferno
Pra aprender a tocar sanfona.
Ele disse ensino não ô garboso,
Pois o seu nome é Valdemiro,
Mas o apelido é perigoso.
Trovador.
Interação da poetisa: "Vania Fraga".
E Se Alguém Quiser O Endereço
Para Ter Com Esse Ser Sem Apreço
Pode Vir A Mim Que Forneço
Não Me Procure Porque Desapareço
Pois Já Tive Com O Tal Tropeço
Promentendo Pagar Um Certo Preço
Para Ser Deixado Lá No Começo.