Uma prece pidino xuva/ interação da amiga Angélica Gouveia e da cumade Milla Perêra
Com maior seca em décadas, Nordeste revive era de êxodo e fuga do campo
Carlos Madeiro
Do UOL, em Glória (BA)
Casas fechadas, placas de “vende-se” e terrenos abandonados. Enfrentando aquela que já é considerada, na Bahia, a pior seca dos últimos 47 anos, o semiárido nordestino voltou a viver uma era de êxodo e fuga do campo, com a saída da população da zona rural para as cidades em busca de água. Somente na Bahia, mais de 230 municípios estão em situação de emergência; em todo o Nordeste, mais de 4 milhões de pessoas estariam em áreas diretamente afetadas pela estiagem.
Uma prece pidíno xuva
Airam Ribeiro 16/05/2012
Meu Pai aí nas artura
Aderscurpe esse rezadô
Na Bahia ta uma quintura
Nos ajude pur favô
Nun dexa o exudu rurá
Se invadi nas capitá
Nos ajude meu Sinhô.
O que qui ta açucedeno
Aí in riba meu Pai do céu
Aqui os gado tão morreno
E ta sem água os povaréu
Rezá, bem qui tamo rezano
Mais aí nun ta xegano
Isprica prece tabaréu!
O sór ta vino muitio quente
Quemano tudin no xão
Nun vingô niuma sumente
Onde prantemo o fejão
Aqui ta tudo isturricado
Tamo sofreno um mucado
Aqui na nossa região.
Óio pra riba todo dia
As nuve dizapariceu
Nóis nun ta teno aligria
Aqui nunca mais xuveu
A fome bate na porta
Mande pra nóis uma comporta
Mande logo Deus meu.
Ta ormentano a prucissão
De gente a largá o norte
No ezodo rurá nun sei não!
Tô veno de perto a morte
Ta vazio os rezervatório
Aqui tem muitio é velório
De nordestinos sem sorte.
Dexa o sol se escondê
Se arretirá só um poquin
Faça as nuve xuvê
Pra essa seca tê fim
Queremo vê as plantação
De mandiocá e fejão
Salvano nossos fiin.
Ajude nossos animá
Ameniza os sufrimento
Não dexa a morte levá
Nossos fi e os jumento
Ajude nossos animá
Do xão se alevantá
Iscutai o meu lamento.
Já fiz as reza qui pude
Pro Sinhô nos ajudá
Só quiria vê os açude
Aqui do norte transbordá
E ancim qui ele inxê
O sol pode aparecê
Se Sua vontade mandá.
A amiga ANGELICA GOUVEA ta rezano cum nóis
Obrigado amiga pelo belo acróstico
A gora nesse instante
I stou a mi juntar
R ezarei constante
A água do céu vai derramar
M oiando este chão
R egando a semente
I mploramos ao Sinhô.
B ota na mesa o pão
E mata a fome da gente,
I óia nosso animá por favô
R ecupere a forças do trabalhado
O sertão ta virando deserto sim Sinhô.
A Milla Pereira vei ajudá nas prece
Aqui na grandi cidadi
tá chuveno sem pará
i u fríi faiz a mardadi
du corpo só isfriá.
Inquanto aí nu nordesti
u povão cabra da pesti
da seca vem recramá.
Axu qui Deus singanô
cum toda essa chuvarada
i cá pra nóis só mandô
toda a água reservada
num cantinhu lá do céu
dexô u nordesti ao léU
nessa seca amargurada.
Meu amigo, tenha fé
qui Deus de ninguém sisquéci
Vamo rezá ao pajé,
disispero num careci
Vô acendé uma vela
e colocá na capela
junto cum a minha preci.