"ONÇA NA TOCA"

Quero ver é quem tem coragem

De pegar uma onça pelo rabo.

Valdemiro Mendonça

Nasci nas serras da Estiagem

Desde cedo o meu pai brabo.

Mandava-me contar vantagem,

Até quando eu comia quiabo

Eu desafiava na camaradagem

Quero ver é quem tem coragem

De pagar uma onça pelo rabo.

Mudei-me lá daquela paragem

E quando conto isto até babo.

Ganhei grande a percentagem,

Pelejando com o senhor diabo.

Mas briguei na malandragem,

Quero ver é quem tem coragem

De pegar uma onça pelo rabo.

Numa toca escura sem visagem

Pensei é hoje que eu me acabo.

Na minha frente só a pelagem,

A onça só fedia e mexia o cabo,

Fiquei pensando na safadagem,

Quero ver é quem tem coragem

De pegar uma onça pelo rabo.

Rezei pra santa da boa viagem,

Agora minha gente eu me gabo.

Pois eu ali naquela apertagem,

Pensando comer onça com nabo

Dedei-lhe o fiofó na libertinagem,

Quero ver quem é tem coragem

De pegar uma onça pelo rabo.

Agarrei aquela fera selvagem,

Fedeu e eu pensei num lavabo,

Zelando bem da minha imagem,

Levei a onça para arraial do cabo,

Onde nós fizemos sua pesagem.

Quero ver é quem tem coragem,

De pegar uma onça pelo rabo.

Trovador

Trovador das Alterosas
Enviado por Trovador das Alterosas em 11/05/2012
Reeditado em 11/05/2012
Código do texto: T3662723
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