A Revolta dos Centauros, parte 3 de 4

A Revolta dos Centauros, parte 3

A hora se aproximava

da esperada vingança

a cidade dormitava

Como um sono de criança

O prenúncio do massacre

a ninguém de fez sentir

Estava aberto o lacre

Do inferno a surgir

No alvorecer do dia

um ruído de trovão

Como nunca se ouvira

fazia tremer o chão

Num galope violento

Os centauros já chegavam

mais velozes que o vento

suas flechas disparavam

Sua força colossal

E o terror inspirado

Pelo ataque mortal

Deram à vila triste fado

Entre gritos e gemidos

quer de guerra ou de dor

atropelavam feridos

espalhando o horror

A resistência tardia

começou a ser armada

em frente à delegacia

da cidade assolada

Os poucos sobreviventes

buscando salvar a vida

Lutaram como valentes

na batalha já perdida

Entre mortos e feridos

centauros e seres humanos

Deixaram o solo tingido

de um vermelho profano

A batalha prosseguia

desgraçando os dois lados

por todo lado se via

os corpos esparramados

Os centauros se agruparam

para o ataque final

os homens se prepararam

para o embate mortal

Poucos deles já restavam

dos centauros e humanos

e a hora aguardavam

do desfecho tão insano

Num galope infernal

Os centauros investiram

Agora armados de paus

os humanos resistiram

O cenário era dantesco

Coisa igual nunca se viu

O cheiro de sangue fresco

pelas narinas subiu

Dos golpes e contragolpes

O macabro resultado

foi solitário galope

Dum centauro rechaçado

Dos humanos um restava

Dos centauros igualmente

A noite se anunciava

O sol já ia poente

Feridos os dois estavam

E o desejo de matar

nos seus olhos injetava

A vontade de lutar

Na derradeira investida

sob a lua no sertão

os dois tombaram sem vida

pondo fim à maldição

Vencedores e vencidos

misturaram o seu sangue

pela terra escorrido

como um terrífico mangue.