COMPADRE LEMOS X JR. ADELINO-BEIRA-MAR(DESAFIO).

JR.ADELINO:

TENHO PALMATÓRIA PARA A SUA MÃO

EU TENHO CONSELHO PARA O SEU JUÍZO

EU TENHO ESCOVA PARA O SEU SORRISO

TENHO PROFESSOR PRA EDUCAÇÃO

EU TENHO VIOLA PRA TOCAR CANÇÃO

EU TENHO IMPROVISO PRA VENDER E DAR

EU TENHO INFLUÊNCIA PRA MANDAR SOLTAR

O HOMEM INOCENTE QUE ESTÁ NA CADEIA

QUE EU SOU NORDESTINO DE SANGUE NA VEIA

NOS DEZ DE GALOPE DA BEIRA DO MAR.

COMPADRE LEMOS:

Se tens "palmatória", eu tenho experiência,

"Conselho e juízo" não mudam ninguém.

"Escova e sorriso", banguela não tem,

E teu "professor" já beirou a indigência!

A tua "viola" não canta a decência,

O tem "improviso" eu não vou decorar,

A tua "influência" eu já vou dispensar,

E o teu "inocente" roubou meu país,

Teu "sangue nas veias" é um bom chafariz

Que verte cachaça, na beira do mar!

JR.ADELINO:

VOCÊ É POETA,MÁS TÁ PELO UM TRIZ

NÃO CORRO COM MEDO DO SEU LINGUAJAR

VOCÊ ME INSULTOU,E NÓS VAMOS BRIGAR

E EU VOU LHE MOSTRAR,MINHA DIRETRIZ

EU SOU O MELHOR DE TODO PAÍS

E QUERO COM RIMAS,AGORA MOSTRAR

DA COMUNIDADE EU VOU TE EXPULSAR

NO VERSO,NA RIMA , NO MOTE E NA GLOSA

VOCÊ É PRA MIM PROPAGANDA ENGANOSA

NOS DEZ DE GALOPE NA BEIRA DO MAR.

COMPADRE LEMOS:

Compadre, cuidado com a rebordosa,

Na prosa, no verso ou na cantoria,

Na rima, no tempo e também na harmonia,

No verso cantado de forma ardilosa!

Carneiro lanzudo, o peão pega e tosa,

Poeta vem cá, que eu vou te pentear,

Cortar teu cabelo, piolhos matar,

Pra não infestar nossa Comunidade,

Você, carequinha, faz mais amizade,

Do que no Galope, na beira do mar!

JR.ADELINO:

VOCÊ É O DEFEITO,EU A QUALIDADE

SOU HOMEM MADURO,VOCÊ UM MOLEQUE

MEU NOME CRESCEU,JÁ ESTÁ EM CHEQUE

O SEU TÁ CAINDO COM VELOCIDADE

EU SOU O CARINHO,VOCÊ A MALDADE

E MINHA CABELEIRA,É BEM POPULAR

NÃO VENDO,NÃO DOU,NÃO QUERO CORTAR

MÁS ABRO EXCEÇÃO,PRA ESTA BONECA

FAÇO PLANTAÇÃO NA SUA CARECA

NOS DEZ DE GALOPE NA BEIRA DO MAR.

COMPADRE LEMOS:

Eu sou sapo boi e você, perereca;

Eu sou a esperança e você, desespero;

Eu sou confiança e você, destempero;

Eu sou a mão forte e você, a peteca!

Eu sou o caboclo e você é o jeca;

Caboclo é mais forte e já nasce a cantar;

O jeca é doente, só vive a sismar:

"Por que é que eu não tenho mais sorte na vida?"

Meu verso é do povo, sua rima é esquecida,

Pisada e perdida, na beira do mar!

JR. ADELINO:

BOTO GOSTO RUIM NA SUA COMIDA

AO INVÉS DE AÇÚCAR,SAL NO SEU CAFÉ

EU SOU A CABEÇA,VOCÊ É O PÉ

SOU O MACHUCADO DA SUA FERIDA

EU SOU UM PROBLEMA PARA A SUA VIDA

DIFÍCIL É O COLEGA,SOLUÇÃO ACHAR

VOU DÁ UM CONSELHO,SE QUISER TOMAR

DESISTA DA ARTE,DA RIMA E DO VERSO

ANTES QUE EU ME TORNE,CARRASCO E PERVERSO

NOS DEZ DE GALOPE NA BEIRA DO MAR.

COMPADRE LEMOS:

Você gaguejando, enquanto eu converso;

Meu verso se mostra espora e ferrão;

Sou forte vaqueiro, você, boi fujão;

De tudo o que eu sou, você vem ser o inverso:

Você, grão de areia, eu sou o Universo;

Eu sendo o sorriso, você vem chorar;

Eu sendo a esperança, você, o lamentar;

Eu sendo tão livre, você encarcerado,

Eu sendo a Volante, você, o celerado,

Já morto e enterrado, na beira do mar!

JR.ADELINO:

A SUA CANTIGA É DE PÉ QUEBRADO

NÃO TEM CONTEÚDO,E NEM MENOS CADÊNCIA

TU ÉS MUITO POBRE DE INTELIGÊNCIA

O VERSO É MAL FEITO E SAI TODO ERRADO

O SEU BOLETIM,ESTÁ TODO ZERADO

VOCÊ NÃO PASSOU NO VESTIBULAR

FOI MUITO RUIM,SEU ANO ESCOLAR

QUE DECEPÇÃO,QUE LÁSTIMA,QUE PERDA

VOCÊ SE TORNOU, UM ZERO A ESQUERDA

QUE CABRA BURRINHO NA BEIRA DO MAR.

COMPADRE LEMOS:

Esposa do verde talvez seja a "verda",

Na rima tão rara que usa o Compadre,

Cantando Galope, quem sabe, se enquadre

No roll dos que são direitistas de esquerda!

Compadre calado não é grande perda,

Pois quando ele fala é um sino a tocar:

Faz muito barulho, sem nada mudar,

Não muda o seu erro e não sai do refrão,

De métrica e rima ele não tem noção,

Nem canta Galope, na beira do mar!

JR.ADELINO:

COMPADRE NÃO VENHA COM MALCRIAÇÃO

EU PEÇO ABANDONE,ESTA FALA CHULA

NA HORA QUE CANTA PARECE UMA MULA

SÓ SABE RINCHAR E CARREGAR RAÇÃO

EU VOU LHE AMARRAR NUM TRONCO DE MOURÃO

E COM UM FERRO QUENTE SUA ANCA FERRAR

EM SEU ESPINHAÇO,UMA CELA JOGAR

COM UMA ESPORA FURAR SUA PANÇA

QUE ÉGUA VALENTE É ASSIM QUE SE AMANSA

NOS DEZ DE GALOPE NA BEIRA DO MAR.

COMPADRE LEMOS:

O ser malcriado no abismo se lança,

É chula sua fala, seu palavreado,

Sua mula já manca do pé mal ferrado,

Se rincha não come a ração nem descansa!

No tronco se amarra só quem se alcança,

Com ferro se ferra é o boi que pegar,

De sela só entende quem sabe montar,

Que espora não para em pé de abestado,

E égua valente teu pai tem do lado,

Vá ser malcriado na beira do mar!

JR.ADELINO:

EU SOU TEMPESTADE PARA O TEU SOBRADO

EU SOU AMEAÇA QUE ROUBA O SEU SONO

SURGI NO CORDEL PRA TOMAR SEU TRONO

ACABAR DE VEZ COM O SEU REINADO

JÁ VEJO O COLEGA MEIO PREOCUPADO

BUSCANDO SAÍDA PRA SOLUCIONAR

MÁS O SEU CASTELO EU VOU DERRUBAR

E FAZER DE VOCÊ UM HOMEM RALÉ

ME CUMPRIMENTAR,BEIJANDO O MEU PÉ

SUA MAJESTADE,NA BEIRA DO MAR.

COMPADRE LEMOS:

Se és tempestade, eu sou a maré

Que leva embora o teu sono assustado,

E trono eu não tenho, nem tenho reinado,

Que o povo me elege é no voto e na fé!

Me vês preocupado, mas é com teu pé,

Que é torto e quebrado, no manquitolar.

Castelo que eu tenho, ganhei no cantar,

Não foi privilégio, presente ou herança,

Pra ser Majestade não basta ter pança,

Sou eu quem te amansa, na beira do mar!

JR.ADELINO:

NO SINAL VERMELHO, O COLEGA SE AVANÇA

SENDO IRRESPONSÁVEL, ATROPELA O ESTILO

VOCÊ NÃO ESTÁ, NEM UM POUCO TRANQUILO

PORQUE VEM PERDENDO TODA CONFIANÇA

SE FORMOS BOTAR, NO FIEL DA BALANÇA

A MINHA CANTIGA E O SEU LINGUAJAR

GRANDE DIFERENÇA, PODEMOS NOTAR

É UMA PEDRA GRANDE,ESMAGANDO A PEQUENA

UMA TONELADA, EM CIMA DE UMA PENA

NOS DEZ DE GALOPE NA BEIRA DO MAR.

COMPADRE LEMOS X JR.ADELINO

JÚNIOR ADELINO
Enviado por JÚNIOR ADELINO em 04/05/2012
Código do texto: T3650097