O dia que o cão virô santo

Airam Ribeiro

Bem longe além daqui

Lá atravéis da iscuridão

Qui nun cabe aqui eu descuti

Onde era mermo a região

Bem longe no mêi da floresta

Existia a cidade deserta

De uma tribo em extinção.

Uma nave ispaciá se zarpô

Lá pra riba do azú nas artura

Um astronauta era guardadô

De pequenas escurtura

Era image de cão e santo

Todo pintadin um incanto

Era coleção formozura.

Lá de riba a ventania

Na jinela da nave entrô

Sacudiu de tudo qui lá tinha

E a coleção pro ispaço vuô

Eu conto aqui é divéra

E além da atimosfera

As image nas orbita entrô.

E o xamado lixo ispaciá

A noite ficava lumiano

Um dia de tanto orbitá

Conto aqui nun ingano

Em um dado momento

Ne um duns dislocamento

Uma das image foi intrano.

E na atimosfera entrô

Pelo vácuo da imensidão

Em tóxa de fogo virô

Formano aquele clarão

Mas já dava pra percebê

Qui aquela image a descê

Era a image do cão.

E na floresta tamanha

A image candescente

No mêi da tribo estranha

Foi caino lentamente

A tribo toda se ajuelhô

Quando infim ela xegô

A image reluzente.

Ao caí ouve o estouro

Fazeno um buraco no xão

E no buraco o ouro

Apareceu de montão

A image foi recebida

Com as omenage devida

Com oferenda e canção.

Digo aqui de passage

Qui um artá fizéro intão

Para botá a image

A escultura do cão

E toda tribo ia lá vê

Para o ouro agradecê

Ali dento dum salão.

Axano qui vinha do céu

Nas artura da imensidão

Eu falo neste cordéu

De um cantinho do sertão

Que o poeta no entanto

Fêiz o cão virá santo

Pra uma tribo em extinção.

Para o mau intendedô

Intenda cuma quizé

Foi feito pelo escultô

Em algum dia quarqué

É um cãozinho sorridente

Qui agrada a muita gente

Nun é o cão lucifé!

Airam Ribeiro
Enviado por Airam Ribeiro em 04/05/2012
Código do texto: T3649615
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.