Minha História- Sou Lampião

Sou macho desde menino

E conheço muito o Sertão

Tenho como nome Virgulino

Mas nesta terra sou Lampião!

Nascido na Serra Talhada,

Com este espírito justiceiro,

Onde o sol faz a morada

Sou um temível cangaceiro

Quando tombou meu pai,

Na espingarda do militar

Pela bala todo homem cai

Com vingança irei matar

Em Nazaré do Pico defendi

O povoado e assim começou,

Na luta armada eu combati,

Quem nas terras se avançou

Adiante no pasto de Pedreira,

A peleja era dura que só,

Descendo no barro da ladeira

A poeira levantou o pó

Nestas terras onde a lei,

Vai e rechaça cada pedaço

Do sertão então eu serei

O mestre!O Rei do cangaço!

Mesmo que sempre sorrias,

Levo como o único refém,

Este viajante Mineiro Dias,

Deus me guarde! Amém

E em uma página não escrita

Conheci um pouco da glória

Quando beijei a Maria Bonita

Completou-se minha estória

E se o corpo enfim padece,

No pecado da carne mortal

A Padre Cícero dirijo prece,

Livrai-me de todo esse mal

A fazenda Angicos tão calma,

E a natureza em toda restinga

Embriaga no sossego a alma

Na bela delicadeza da caatinga

Esta noite o sonho não vem,

Mesmo que aqui esteja a paz

Sinto que algo não está bem,

Algo maldito a mim me assaz

Ouço tiros de uma matraca,

O golpe seco enfim desmaia,

A morte espreita cada barraca

Do “volante”! Sua vil tocaia

Cinco da manhã!Hora maldita

Quando o sol lança seu sinal,

Dêem aos vaqueiros a Expedita

Será este o meu trágico final

Notas:

Expedita Ferreira Nunes: Filha de Lampião e Maria Bonita doada a um casal de vaqueiros.

Fazenda Angicos: local onde Lampião, Maria Bonita e seus comparsas foram executados

opoetakurita
Enviado por opoetakurita em 01/05/2012
Código do texto: T3643764
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