No dia qui a lua iscureceu

No dia que a lua iscureceu

Airam Ribeiro

Só nóis aqui no sertão

Viro todos no momento

A grande saculejação

Do grande cunticimento

A lua toda se tremia

De ponta a ponta sacudia

Inté perdê seu clarão.

Foi decretado a guerra

De Son Jorge cum o dragão

A image que se vê da terra

Nun ia cê mais visto não

A lança no ar sacudia

Cada golpe que desferia

A lua perdia o clarão.

Inté qui a luta acabô

Son Jorge já surridente

O dragão no xão tombô

Inda se via caí lentamnte

O pobrema surgia intão

Pois cum a morte do dragão

O fedô vinha de repente.

Mas cá de báxo intão

Cum os fáro das urubuzada

Cumeçáro a migração

Fugino todos na ribada

Pra sigui aquele xêro

Nun izéstia dizispêro

E cumeçô a revuada!

E asa pra que te quero

Todos se zarpano do xão

Escrevo sem inzagêro

O qui eu vi do sertão

Nium arubu ficô aqui

E as caniça pequena daqui

Cumeçô surgi intão.

Três dias depois nóis vimo

Lá da lua discambando

E pelo som qui nóis ouvia

O mundo tava era cabano

Caia o dragão de verdade

Cum a força da gravidade

Paricia qui tava vuano!

A NASA se percupô

Cum medo de colizão

Dum fuguete qui zarpô

Pra riba da constelação

Ouvia nuticia diária

Qui u’a nave terplanetária

Tava caino no xão.

Pur fim a nave espaciá

Pra terra mandô nutiça

Qui o obijeto qui passô no ar

Se tratava duma carniça

E siguia a sua viagem

Cuns arubu na sua colage

Sem nen tê niuma priguiça.

Tudo se escureceu

Quando na timosfera entrô

Pois os arubu nun correu

Nem da carniça desgrudô

Cairo aqui no sertão

O corpo daquele dragão

Qui na lua Jorge matô.

Cinco mêiz e cinco dia

Para da carniça tê o fim

Só se via as aligria

Nos bico dos arubuzim

Vêi arubu de Sun Pálo

E pruveitano o imbálo

Tomém veio os de Tarantim.

Quem viu marcô esse dia

O dia da iscuridção

Hoje quando a lua alumia

Muita gente nun crê não

Só quem viu pode contá

Quem viu acarniça no ar

Foi só quem morô no sertão.

QUERIDO CUMPADI,

AÍ VAI MINHA RESPOSTA.

TOMARA QUE O SENHOR GOSTE.

UM ABRAÇÃO,

GUERRA NA LUA

(Hull de La Fuente|)

Meu cumpadi tomem vi

Essa luta renitenti

Qui Jorge traçou ali

Na Lua di toda genti.

Quantu mais eli lutava

Mais Dragão pra lá vuava

Foi uma luta inclementi.

Adispois no fim di tudu,

Dessa batalha incomum

Son Jorge si feiz papudu

E disse:-“tem mais ogum”?

Foi intão qui a urubuzada

Pra Lua in revuada

Foi fazê um zunzunzum.

Cá na Terra era só breu

E tantu dus manifestu

As Draguikuim si moveu

Fazenu um grandi protestu.

A matança dus dagrão

Foi a grandi cumoção

Além du xêru indigestu.

Matá u dragão da Lua

Provocô as passiata

Logo as dragão di rua

Chamaru us democrata.

Pois imbora em expansão,

Si julgam em extinção.

Durma-si cum essa sonata.

Hoji im órbita da terra

Isqueletus di dragão,

U qui restô da tal guerra,

Dus urubu, refeição,

São as enormi ossada,

Das Drag desencarnada,

Qui virô constelação.

Meu cumpadi dueslista

Das históra di emoção

Eu tomem vi cum essas vista

Na noiti du meu sertão

Tudu quiu sinhô falô

Arqueólogo comprovô.

Aqui num tem invenção.

Brigadim pelu cunviti

Pra essa bunita prosa

Qui u leitô aquerditi

Nessa aventura ispantosa.

Quanu nas noiti istrelada

Olhem pra lua prateada

O dragão tá cor-de-rosa...

Gostei da interação minha cumade, abração