O RICO E O POBRE NOS DEZ DE QUEIXO CAÍDO
O rico trabalha pouco
E ganha muito dinheiro
Tem conta ”nos estrangeiro”;
Já se é pobre, o “cabôco”
Labuta, feito um louco
E o salário é reduzido
Quando paga o que é devido
Não sobra nenhum tostão
Para tomar um pingão
Nos dez de queixo caído.
O pobre quase se mata
Sua mão chega a ser grossa;
O rico nunca viu roça
Leva a vida na mamata
De paletó e gravata
Sempre está bem vestido
Seu emprego é escolhido
Pela sua educação
Tem a melhor profissão
Nos dez de queixo caído.
O rico, por natureza
Gosta de festa e de farra;
O pobre vive na marra
Na pindura e na dureza
Às vezes sem pão na mesa
Coitado, chora sentido
Vendo o filho esmorecido
Tendo que ir cedo pra roça
Montado numa carroça
Nos dez de queixo caído.
O pobre só vai à missa
Pra poder se distrair;
Quando quer se divertir
O rico não tem preguiça
Aqui se faça justiça
Vai pro lugar preferido
Vai à praia, exibido
Se requebra no salão
Ou nas festas de peão
Nos dez de queixo caído.
O rico quando acorda
Toma o café com fartura;
Já o pobre, é uma tortura
Come pouco e não engorda
Vejamos quem que discorda:
Todo dia ovo mexido
Deixa o "cabra" entrestecido
E pior é o cidadão
Que não tem sequer feijão
Nos dez de queixo caído.
Se o pobre tem almoço
Normalmente não tem janta;
Rico é coca-cola e fanta
Só picanha, nunca osso
Não quer carne de pescoço
O seu prato é colorido
Legumes, cru ou cozido
Um assado de faisão
Do rico é a refeição
Nos dez de queixo caído.
Se o rico fica doente
Usa o plano de saúde
Desde a sua juventude;
O pobre nasce carente
Logo, logo perde os dentes
Porquê não é atendido
Se no SUS chegar ferido
Fica jogado no chão
Sem ter doutor de plantão
Nos dez de queixo caído.
O pobre morre na fila
Por falta de atendimento,
Quando tem medicamento
É à base de argila;
No rico, já desfibrila
Num simples acontecido
E se dá simples gemido
O doutor chama atenção
E pede um cirurgião
Nos dez de queixo caído.
O rico faz faculdade
De doutor advogado
Vira juiz, delegado;
E sem oportunidade
O pobre vai pra cidade
Pra ver seu filho entendido
Depois volta arrependido
Por não conseguir trabalho
Pobre sofre pra caralho
Nos dez de queixo caído.
O pobre quando estuda
Conclui o fundamental;
Em aula presencial
O rico busca ajuda
Se for ruim, ele muda
Faz vestibular escolhido
Se não passa é mantido
Pois o pai tem condição
De manter a formação
Nos dez de queixo caído.
Rico tem carro do ano
Dentro da sua garagem;
Pois bem, veja a sacanagem
Que fazem c'o ser humano:
O pobre do suburbano
Anda todo encolhido
Quase sempre entupido
Os três ou quatro busão
Pois é essa a condução
Nos dez de queixo caído.
Para não andar a pé
O pobre tem bicicleta;
Se for rico é atleta
Ou só tá dando um rolé
Na praia, vendo a maré
Carro de rico é vendido
Antes de um ano vencido
E faz nova aquisição
Pro trabalho e curtição
Nos dez de queixo caído.
Casa de quem tem dinheiro
Quase e sempre é vigiada;
O pobre que tem morada
Quando sai o dia inteiro
Volta com medo, cabreiro
Com pilantra e com bandido
Pois pobre é desprotegido
Pelo estado e a união
Vive largado, na mão
Nos dez de queixo caído.
O pobre mora em buraco
Sem nenhuma segurança;
O rico tem confiança
Pra morar no seu “barraco”
Ele fuma o seu tabaco
Toma um vinho envelhecido
Não ouve sequer zunido
De trombadinha ou ladrão
Só pede à Deus proteção
Nos dez de queixo caído.
Quem é pobre se desdobre
Para vida melhorar
E ao rico, eu vou falar
Para Deus tu sejas nobre;
Se você é rico ou pobre
Não fique enfurecido
Eu só quis ser aplaudido
Pela minha inspiração
A vocês meu abração
Nos dez de queixo caído.
Em revisão.