BRASIL NA VISÃO DE PORTUGAL

BRASIL, na visão de

PORTUGAL.

Está escrito nos anais da nossa história

O local do tal descobrimento,

Por outros povos saídos não sei de onde

Mas a data não está no documento,

Talvez esteja escrito em outra língua

Sem tradução até o presente momento.

Diz a história que foram os portugueses

Navegando às cegas mar afora,

E tocados pelos ventos da ganância

Esqueceram os caminhos de ir embora,

Nossa terra se encheu de portugueses

Por causa deles nossos índios inda chora.

Deram o nome do lugar Porto Seguro

Até então terra dos Tupinambás,

Pataxós Tupiniquins e Aimorés

A séculos ali vivendo em plena paz,

Diz a história que foi no mês de Abril

Mas a data para os índios tanto faz.

Portugal cresceu os olhos nas riquezas

E nas belezas que havia no lugar,

A fauna e a flora exuberante

Minérios com fartura pra explorar,

E os índios eram mão de obra farta

Que os invasores começaram escravizar.

E a igreja estava sempre presente

Benzendo barco ou caravela que saia,

Cada bala de canhão era benzida

Pra produzir o efeito que devia,

Jesuítas iam juntos na jornada

Pra rezar missa em cada canto que descia.

E nas idas e vindas que fizeram

Daqui sempre levavam o que podiam,

Nosso ouro e nossas pedras preciosas

De Pau Brasil suas caravelas enchiam,

Só não levaram com eles o Brasil

Nossas terras em seus barcos não cabiam.

D. João o terceiro dos monarcas

Que era filho de alguém com não sei quem,

Loteou o Brasil de ponta aponta

É o informe que na história contém,

Depois deu de presente a quem quisesse

Como se aqui fosse terra de ninguém.

Foi um rei de Portugal o iniciante

Com o intuito de evitar as invasões,

De estrangeiros de olhos nessas terras

E nenhum deles tinha boas intenções,

Sem perguntas aos verdadeiros donos

Começaram a fazer as divisões.

Foram as tais capitanias hereditárias

Com donatários escolhidos pelo rei,

Criadas pra passar de pai pra filho

E cada dono empunhava sua lei,

Os nativos sendo expulsos sem direito

Quem eram os donos na verdade eu não sei.

As capitanias hereditárias foram treze

Maranhão, Rio Grande e Ceará,

Na Baía de Todos os Santos

Pernambuco e também Itamaracá,

Ilhéus, Porto Seguro, Espírito Santo

Nesse enredo eu pretendo continuar.

Capitania hereditária São Tomé

Santo Amaro, Santana e São Vicente,

Nativos que eram os verdadeiros donos

Protestavam este ato inconseqüente,

O Brasil já estava loteado

Embalado e pronto pra presente.

Donatários que ganharam nossas terras

Tinham como missão colonizar,

Administrar e proteger o território

Explorando as riquezas do lugar,

Nossos Índios lutaram bravamente

Mas o branco foi chegando pra ficar.

Daí em diante os índios foram perdendo

Os direitos da terra pra viver,

Seus caminhos ficaram apertados

E as doenças começaram aparecer,

Cada século que passou foi de tormenta

Não sabemos até quando vão sofrer.

Num País onde só existem leis

Pra quem mama nas tetas do poder,

Foi assim no passado e no presente

Estamos vendo novamente acontecer,

Vendo as leis criando mofo nas gavetas

Trinta anos sem ninguém nada fazer.

Os governos vendendo e dando terras

E os grileiros explorando à revelia,

Os índios que perderam suas reservas

Querem de volta o que foi deles um dia,

Que se danem os donos de boiadas

E que devolvam aos índios o que devia.

Aqui a memória cai no esquecimento

E o dia do índio já não é lembrado,

Que a FUNAI e o INCRA se apresentem

Pra não repetir os erros do passado,

Que se dê direito a quem direito tem

E que se danem os criadores de gado.

Guel Brasil
Enviado por Guel Brasil em 22/04/2012
Código do texto: T3626648
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