A CARNIÇA VUADORA
(Airam Santana Ribeiro)
 
 
Tava cum sodade de duetá cum a quirida cumade.
 
Meu cavalim pangaré
Cum minha égua brioza
Arrezorveu a pô mais fé
Veno a égua tão fogoza
Foi in cima da mulinha
Qui saiu lasca a tardinha
Conto agora nessa proza!
 
Nasceu um lindo cavalim
E já cum dois mêis de idade
A véia égua de Sarafim
Deu um coice por mardade
Bem in riba do trazêro
A morte o levô digêro
Pros cunfim da eternidade.
 
Cum um dia quente de calô
Cumeçô logo aparecê
Uns arubú desses vuadô
Logo qui  tava a fedê
Os caxorro qui apariceu
Os aribu todos correu
Olhano os dois a cumê.
 
Intonce numa reunião
Qui eles fizéro no mato
Os aribu fizéro questão
De vingá o dizacato
Um grupo ficô pra lá
Inquanto dois grupo a vuá
Já cumpria o novo trato.
 
Um grupo baixô no rabo
Um outro na cabeça baxô
Sem ligá pros caxorro brabo
Garraro a carniça e avuô
E os dois caxorro ali
Viro a carniça subi
Cuns os arubu vuadô.
 
Um piloto qui dirigia
Um avião lá no ar
De nada ele intendia
Veno aquela coisa vuá
A torre de comando avizô
Sobre o objeto vuadô
Qui ele tava a avistá..
 
Os caça se prepararo
Vuano cum todo coidiado
Pra derribá já miráro
No trem não dentificado
Gastáro bala de canhão
Inté botáro o trem no xão
Caquele fedô danado.
 
Vuaro as urubuzada
Arguns já morto falicido
Uns de asa quebrada
Largô o cavalim fidido
A imprensa toda xegáro
E as filmage prepáraro
Pra falá do cunticido.
 
Se debandaro o restante
Dos aribú qui ficô
Depois que  o comandante
Naquele lugá xegô
Quando fez a veriguação
Espricô pra toda nação
Sobre o objeto vuadô.
 
Vejo na realidade
Este objeto fidido
Que a bala por filicidade
Acertô, foi abatido
O que vi aqui falo
É a carniça dum cavalo
Que ta no xão estendido.
 
Esse foi o único dia
Já constado na nação
De nun se vê as aligria
Das urubuzada no xão
Um dia muito medonho
Qui eu tive aquele sonho
Ô sonho danado irmão!

 
 


 
PESADÊLO ANIMAL
(Hull de La Fuente)
 
 
Meu cumpadi eu ti digo,
Sem ninhum medu di errá
Tu num sonhô, foi castigo,
Pur ir drumí sem rezá.
E a carniça avuadora
Virô livru pra editora,
Tão querenu inté filmá.
 
Di Roliúdi tá cheganu
Um cineasta famosu
Espilbergui requisitanu
U seu causu fabuloso.
Vai sê um filme em três Dê
E a carniça vai fedê
Filmi di ação ispantoso.
 
A FAB foi cunvidada
Pra tomém participá
Do momentu da caçada
Dus urubús a vuá.
Mais u povu americanu
Já istá boicotanu
Qué qui u filme seje lá.
 
Espilbergui explicô
Ao povu di Roliúdi
Qui ocê foi quem sonhô
Quelis mudi di atitudi.
Pois urubú brasilêru
Vai quexá pru mundu intêru
Será um deus-nus-acudi.
 
Us caça americanu
Vão fazê figuração
Pois a FAB tá treinanu
Pa num fazê feiu não.
Mais já tem atô briganu
Pelos papel si rasganu
Numa disputa di emoção.
 
O cavalim carnicentu
É um papel relevanti
Tem um majó i um sargentu
Numa disputa intusiasmanti.
A égua do Sarafim
Que matô o cavalim
É u’a senadora importanti.
 
Espilbergui tá apostunu
Na grandi bilheteria
E u mundo comentanu
Essi causu qui arripia.
Mais eu vortu a afirmá
Cê num durma sem rezá
Pa num sonhá cum agunia.
 




CÊ É BENVINDA MANINHA


A mana Milla Perêra
Muié di bom sintimentu
Feiz a quexa verdadêra
Prumodi du isquicimentu
Du noço cumpadi Airão
Bom sujeitu, homi bão,
Mais causô tristicimentu.
 
Inté in Sampa chegô
U causu du cavalim
Qui sispaiô cum fedô
Vuanu iguár canarim.
Mais mana Milla Perêra
Cordelista di primêra
Dexô a quexa pra mim.
 
Mais a mana tomém sabi
Qui nóis num tem cirimônia
Nóis trêis temo amizadi
E semo us trêis sinvergonha.
Qui quanu um di nóis iscrevi 
U otru interagi i devi,
Numa aligria medonha.





 
 
O FEDÔ SI ISPAIÔ
(Milla Pereira)
 
 
Infilizmenti u cumpádi
pur mim num tem mais apreçu:
ô pirdi sua mizadi
ô perdeu meu indereçu.
A genti senti sodadi
dus amigu di verdadi
mais eu num mi aburreço.
 
Agora lenu essi causu
da carniça qui vuô
Inté mereci aprauso
essi cordè, sim sinhô.
Eu mi miti nessa prosa
dessa istóra amargosa
qui ispaiô u seu fedô.
 
U cumpádi tá na roça
terminanu seu trabáio
pra ficá bela a paióça
inté ponhô um ispantáio
Agora us aribu
num vem cumê seus xuxu
nem a prantação di áio.
 
Ocê mi faiz um favo
di dá a eli um recadu
qui a carniça sispaiô
dexanu um xêru danadu.
Chamei inté a puliça
pra recoiê a carniça
du cavalu assassinadu!
 
Bejos cumpadi e maninha.
 






Meu cumpadi diz qui reza, qui a curpa foi du sarapatéu queli cumeu dinoiti. Eis aqui o queli dissi:
 
 

Mais eu sempre rezo minha cumade!!
Airam Ribeiro
.......................
 
Seu cordé todin eu li
E vi cuma ta sua sabiduria
Só um errin teve aqui
Quando li a porfia
Foi a sua cumparação
Da senadora in questão
Cum a égua maravia.
......
A égua gente munta nela
E ela só come capim
Bebe água pelas guéla
E seu dono é Serafim
Já essa ta de senadora
Ela só é enroladora
Mas o povão qué assim!
.....
Entra ministro e sai tomém
O caso ta virano normá
Ladrão lá é o qui tem
Naquela congresso federá
Do meu Brazi coitadim
Vô mandá a égua de Serafim
Dá arguns coice por lá.
.....
E acertá bem nos trazêro
E é coice cum ferradura
Para os politiquêros
Nun fazê mais farcatura
Só vai perduá a patroa
Pruquê ela ta quase boa
Mais nun é lá essas fartura!
.....
Vortano a filmação
Da carniça vuante
Se fô verdade ou não
Já tô aqui bem radiante
Já pensô eu na zona rurá
Pegano os dereito autorá?
Oxente!! já tô importante!
....
Cumade rezano eu tô
Na hora qui vô drumí
É qui devido os calô
Quim ta fazeno por aqui
Min axo qui foi a cumida
Qui min deu esssa  fadiga
Cum o sarapaté qui cumi.
....
O Espilbergui já cuiêço
Esse num min ilude
Pra ele vô da o preço
Quando eu fô ni Roliude
Mas o filme tem qui cê aqui
Pois aqueles povim dali
Num tem lá boa atitude.
....
Vai tê muita ação
Esse filme interessante
E a FAB cum os avião
Vai fazê vôos razante
Só qui os aribu pretim
Ninguém pega eles facim
Só quem já é praticante.
....
Intão tamos falado
E parece qui tô soiano!
Mais vamo vê os rezurtado
Despois qui fô filmano
Obrigado minha patroa
Pur esta nutiça boa
Qui a sióra foi min dano.
....
Drumo cum cinco Vé Maria
E um Pai nosso qui ta no céu
Pra mim tê sempre aligria
Quando fô fazê cordéu
Pra nun sonhá acuntento 
Do cavalim carnicento,
Nun como mais sarapatéu.


 


Óia só qui belezura di versu o poeta  Augusto Secundino deixô aqui pressi cordé da carniça avuadora:
Obrigada poeta;
Hull


 
20/04/2012 10:22 - Augusto Secundino
 
Êita cordel arretado
Vale a pena comentar
Inda bem que a internet
Não pode cheiro postar
Pois se assim acontecesse
E esse cordel fedesse
Ninguém ia aguentar.
 
Parabéns.
 




O querido poeta e amigo Jacó Filho, veio abrilhantar com seus versos este encontro de cordelistas. Obrigada, querido Jacó, sua presença me alegra muito.



20/04/2012 21:06 - Jacó Filho
 
Num adianta nem rezar,
Qui o pesadelo num passa,
Se ante de se deitar,
O poeta tomar cachaça.
O santo nunca ira topar,
Então pede que não faça,
Promessas só pra pecar...
 
Mas o filme será sucesso,
Mesmo si arguém convidar,
A raposa do congresso,
Pra égua louca, imitar.
Mermo se for retrocesso,
Adispois podem mudar,
E venderem os ingressos...
 
Excelente pessoal! Não pude resistir... Parabéns! E que Deus nos abençoe e nos ilumine... Sempre...
 

Hull de La Fuente
Enviado por Hull de La Fuente em 20/04/2012
Reeditado em 21/04/2012
Código do texto: T3623122
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