Se eu perder a cachola

Se eu perder a cachola

Se eu perder a cachola

Um banco quero abrir

Usar fraque e cartola

Para a polidez suprir

Vou registrar uma Marca

Neste Brasil sem fronteira

Aproprio-me do dinheiro

Fazendo os riscos na tarca

E quando o povo souber,

Sabe-o a justiça, também

Encho a burra pra valer

Passa um tempo, tudo bem

É me concedido o perdão,

Com o bolso abarrotado

Ninguém fica magoado

Nem com dor no coração

A apropriação é ilegal

Mas rende boa fortuna

E o cofre do Banco Central

Sofre pequena lacuna

Tinha uma francezinha

No Nóbrega, aquele velhinho

Que, dizia a fulaninha

Brasileiro é bonzinho,

Como continua sendo,

Logo esquece, tudo passa

Se roubar, não me arrependo

De fazer igual trapaça

Como disse, minha gente

Gente boa, juízes esses

Não precisam, ser parente

Pra conceder as benesses

Ao final, extinguem a pena

Saio livre e com dinheiro

Creio mais valer a pena

Que o trabalho soalheiro

Aqui, nada acontece

A quem rouba uma fortuna

Quem rouba pouco apodrece

E é alijado da comuna

Por isso creio em verdade

Que é melhor ser trapaceiro

Político, sem dignidade

Que também leva o dinheiro

Constantemente nós vemos

Fraudes de todos os tipos

Até na justiça as temos.

Nós, somos pobres, eles ricos

Se é quase liberada

A fraude em nosso país

Não é a imprensa culpada

Por relatar o que diz

Afinal todos enricam

Eu, fico aqui, nesta cruz

Onde todos prevaricam

Um a mais, não fere a luz.

São Paulo, 17/04/2012

Armando A. C. Garcia

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