Num tem nada mais seboso, que um caboclo apaixonado

Quando o homem está solteiro

Vive sempre atrás de gado

Não faz conta por trocado

E nem questão por besteira

Tem a vida bandoleira

Não perde nem batizado

Mas um coração flechado

Deixa o machão dengoso

Num tem nada mais seboso

Que um caboclo apaixonado

Paixão deveria ter

Contra indicação pro macho

Devido postar-se abaixo

Da mulher que ele quer

E faca vira colher

Preso solta delegado

Sujeito muda de lado

Em troca de qualquer gozo

Num tem nada mais seboso

Que um caboclo apaixonado

Mulher quando se engraça

Pelo jeito de algum moço

Olha do pé ao pescoço

Já querendo lhe agradar

Se o homem se abestalhar

Cabra fica dominado

Num assume nem amarrado

Torna-se frouxo e teimoso

Num tem nada mais seboso

Que um caboclo apaixonado

Vira prova nua e crua

Da relatividade

Faz mentira ser verdade

Convence que chão é teto

A nega fez, diz: é reto

Vive quão jogo de dado

Calma já não tem reinado

Palhaço cara de Bôzo

Num tem nada mais seboso

Que um caboclo apaixonado

O cidadão mais honesto

De integridade total

Ser humano sem igual

Que só faz o que é correto

Mulher pegando homem certo

Pinta, borda com coitado

Muda o cabra pra safado

E ele vira criminoso

Num tem nada mais seboso

Que um caboclo apaixonado

Vivendo pra vida alheia

Desperdiça a própria vida

Igual cana curtida

O nome se torna: Espera

Estranho que nem quimera

Afoga-se, tem pouco nado

No mar da paixão molhado

Enrugado parece idoso

Num tem nada mais seboso

Que um caboclo apaixonado

O jovem adolescente

Em seu primeiro namoro

Envolvido pelo choro

Deflorado da menina

O garoto se inclina

Torna-se fragilizado

Agi sempre emocionado

Ficando todo amoroso

Num tem nada mais seboso

Que um caboclo apaixonado

Prevalecente nos casos

Feito trem segue no trilho

Pai foi frouxo, mole é o filho

Fadado ao desengano

Complexo Edipiano

DNA pré-programado

Pra sintoma de retardado

Faz o minuto oneroso

Num tem nada mais seboso

Que um caboclo apaixonado

Seja bruto ou seja manso

Seja pobre ou seja rico

Seja feio ou bonito

Seja negro ou seja branco

Seja surdo ou seja manco

Seja civil ou soldado

Homem quando é amado

Chega até fazer nojo

Num tem nada mais seboso

Que um caboclo apaixonado

Paixão tem idas e vindas

Melhor é quando só vem

Porém inexiste alguém

Que nunca se apaixonou

Cristo em Madalena provou

Sendo o homem mais prendado

Deixou-se cair no estado

De agito unido a repouso

Tornando portanto honroso

O caboclo apaixonado

Sampainho e Alexandre Cordel
Enviado por Sampainho em 15/04/2012
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