Deus, Dai Força Pro Nordestino. (Cordel)
Deus, Daí Força Pro Nordestino.
Eu estou preocupado
Com a seca no nordeste,
Aonde a morte passeia
Pelas veredas do agreste,
Quando não mata de sede
Mata de fome ou de peste.
O gado já não se agüenta
Nem pode ficar de pé,
Sem água e sem comida
Quem vive sabe o que é,
Nem penitencia seu moço
Trás pro nordestino a fé.
Quem luta pede socorro
Mas o socorro não vem,
E quando vem chega tarde
E não acode ninguém,
A seca castiga e mata
A fome mata também.
As cisternas se secaram
Não tem água pra beber,
A água que tem é suja
Só mesmo vendo pra crer,
E o pobre do sertanejo
Não sabe o que vai fazer.
Nos cofres das prefeituras
O dinheiro nunca sobra,
Prefeitos enganadores
Com o dinheiro faz manobra,
É mais fácil se encontrar
Pernas em couro de cobra.
Quem tem meios de arribar
Deixa tudo e vai embora,
Quem não tem fica, lamenta
E maldiz a triste hora,
Mas o sertanejo é forte
Resiste, luta e não chora.
Luta e sofre calado
Esperando a providencia,
Que ela venha dos homens
Ou que Deus tenha clemência,
Do clamor que aqui se forma
Na reza e na penitencia.