DESEMPREGO
Pobre do desempregado
Sem motivos pra sorrir
Tanta coisa planejada
E não pode construir
Pois caiu da ribanceira
Vê o alto da ladeira
Sem ter forças pra subir
A maré do desemprego
Tem força impressionante
Assusta o empregado
Que balança a todo instante
Abala o estaleiro
Faz dum bravo marinheiro
Um modesto navegante
Desemprego, ventania
Que destelha o barraco
Tempestade furiosa
Entortando galho fraco
Não escapa pai nem filho
Tira da noite o brilho
Dia claro fica opaco
Pois o homem sem dinheiro
Toma sopa sem colher
Vive em racionamento
E não compra o que bem quer
Com o bolso faz atrito
Passa o dia ouvindo grito
Impaciente da mulher
Ele vive tão perdido
Como pedra no espaço
Desemprego é caldeira
Derrete o homem de aço
O final de um guerreiro
É olhar o picadeiro
Sem o riso do palhaço
Desemprego desbarata
Tudo vira mafuá
Deixa o homem agoniado
Anda pra lá e pra cá
Anda sua casa inteira
Logo logo dá soneira
E se deita no sofá
O sabor do desemprego
É igual a chá de alho
Um caminho complicado
Sem direito a atalho
É ter a mente cansada
E a vida perturbada
Pela falta de trabalho
Seca a água da torneira
Falta a grana do aluguel
Cessa a paz no casamento
Falta rima pro cordel
Vai minando o patrimônio
É sair em matrimonio
Sem fazer lua de mel
Desemprego dói à alma
Faz no corpo desmantelos
É pior do que calvície
Caem todos os cabelos
É o açoite dos plebeus
De joelhos pedem a Deus
Para ouvir os seus apelos
Como peste infecciosa
Deixa o cabra acamado
É quase o fundo do poço
Sentença do condenado
Pior medo é a morte
Alegria é ter a sorte
De viver bem empregado
P S ASSIS
Meu amigo e nobre poeta Augusto Secundino generosamente deixou esta interação
O seguro desemprego
Diminui essa agonia
Tem muita gente que gosta
Já virou até mania
De ficar desempregado
Cinco meses de salário
Ele ter por garantia
Minha amiga poetisa Sirlia Lima também contribuiu com generosas palavras
Este tema é importante
Também quero debater
Só a força do trabalho
Fará o Brasil vencer
Desemprego é atrazo
Ao país que quer crescer