A Saudade e o Delírio

A saudade que eu sinto em meu ser

é delírio, é canção, é poesia,

é feérica linda, é magia

que me encanta no torvo viver,

é lembrança, que eu sinto em rever

na memória que insiste em mostrar

a alegria vivida ao luar,

na meiguice com meu doce amor,

ó saudade que canto com dor

o delírio do meu versejar.

Eu relembro das noites de inverno

em que a flor me afagava no rosto,

e eu deitado ao seu lado, em meu posto,

me esquecia do lúgubre inverno.

E vivia na noite à falerno

sedutor, no prazer desse amar

como pássaro ledo ao cantar

à tardinha, ao final do labor,

ó saudade que canto com dor

o delírio do meu versejar.

Quando eu ouço as canções dos momentos

que vivíamos ledos assaz

sobre o tálamo quente que apraz...

Eu viajo com meus pensamentos;

e até hoje os fatais sentimentos

que navegam cismando no ar

não trafegam sem eu prantear

de queixume por não ter amor,

ó saudade que canto com dor

o delírio do meu versejar.

E nos transes sofridos da vida

que se perde a razão, alegria;

que se sente a feral nostalgia

que é causada em cruel despedida,

a minh' alma se torna abatida

com saudade das ondas do mar

e das conchas que eu ia pegar

com os risos da mais bela flor,

ó saudade que canto com dor

o delírio do meu versejar.

Eu nem quero fazer mil rodeios

escondendo esta minha tristeza

ao lembrar da formosa princesa

que fazia comigo passeios

me levando em arpejos e enleios

ao clarão do farol sobre o mar,

planejando um futuro e um bom lar

recheados com júbilo e amor,

ó saudade que canto com dor

os delírios do meu versejar.

E, hoje morro de pura saudade

aos arpejos da triste canção

que encarcera o meu bom coração

que suplica: "- Me dê caridade!"

Mesmo só, sem fanal, equidade...

Dou louvores à dama que está

recebendo este meu poetar,

altruísmo de um vil sofredor,

ó saudade que canto com dor

o delírio do meu versejar.

05/04/2012 8h29

Cairo Pereira
Enviado por Cairo Pereira em 09/04/2012
Reeditado em 02/05/2013
Código do texto: T3602642
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