CENÁRIO DOS ANOS CIQUENTA
Viajando nas asas do tempo
Voltei aos anos cinqüenta
Vi Bom Despacho adolescente
Obedecendo ao meu coração
Abri as gavetas da mente
Folheei as páginas da imaginação
Encontrei no livro da história
Escrito no meu pensamento
Ilustres figuras de outrora
Que lutaram com desprendimento
Perpetuando suas memórias
Homens que desapegados lutaram
A favor do próximo e da sociedade
Seus próprios interesses dispensaram
Para o bem de nossa posteridade
Sem remuneração sem ajuda de custo
Administrando com honestidade e amor
Cumprindo o dever sendo justo
Hoje celebridades de imensurável valor
Vi Bom Despacho cidade adolescente
Caipirinha mal trajada, mas cheia de graça
Debutando descalça brejeira e carente
Com toda a humildade de suas ruas e praças
A gente criança brincava e corria
Entre as pilhas de lenha e a maria-fumaça
A praga da droga ninguém conhecia
Triste realidade que hoje se passa
Ao cair à tarde quando sol escondia
Uma bela corrente logo se formava
Na Hora do ângelus... A ave Maria!
Enquanto na matriz o sino dobrava
Trilhando o caminho que ao céu conduz
Um só pensamento em oração
Louvando a Deus bendizendo a Jesus
Era um momento de paz no coração
Em meio as sombra do luscafuz
Passava apressado o atuante Anacleto
Competente funcionário da força e luz
Ligeiro ele ia com seu bornal indiscreto
Trocar um fusível numa rua qualquer
No seu árduo dever atendendo ao pedido
Às vezes ouvindo uma nervosa mulher
Dizer impropérios, a ele indevido
Descarregando seu problema constante
Fugindo da ética sem dar o merecido valor
Ao trabalho prestado e tão relevante
Desempenhado por ele com carinho e amor
Ouvi a voz rouca do Romeu das latinhas
Perguntar se sobrou sobra boa
Ou se ao menos um pão velho, a dona tinha
E também... Se a jabuticaba avôa
Se dizendo deprimido insatisfeito
Meio grogue não se sabe por quê
Vi o Pingo meter um tiro no peito
Bebendo umas e outras no armazém do pepê
Deitado no cascalho seu sangue fluía
Levantou foi beber novamente
No momento como se nada acontecia
Discursava na praça o papudo Vicente
Defronte ao açougue do Chico inhôzinho
Colegas bocas de golo apupando o aplaudiam
Freqüentadores assíduos do famoso larguinho
Moradores noutras ruas que ali se reuniam
Augusto Dyélle do jardim sem flor
Da cruz do monte Sá dona da casa
Da área rural o lendário Amador
Vomitando fogo e cuspindo brasa
Do calabouço Zé peixe e Chiquinho das éguas
Imitando o repórter Everton correia
Vinha Zé repórter passando a régua
Dizendo-, no quenta sol a coisa ta feia!
O laguinho era o centro de convenção
Desta turma de pobres excluídos
Que também eram nossos irmãos
Mas sem direitos reconhecidos
Gente que nasceu bom-despachense
Atores da vida real, anônimos e lendários
Que a esta terra também pertence
Compartilhando deste centenário
De uma ou outra forma tomaram parte
Na formação cultural desta sociedade
Fortificando este histórico baluarte
Enriquecendo a cultura de nossa cidade!
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Dedico este texto ao meu amigo...Professor e escritor Tadeu de Araujo Teixeira...O nobre Ícone da cultuta bomdespacense...A ele meu respeito e meu abraço!!!!!!*************************************************