* A pipoca que somos... *
As comidas, para mim são entidades oníricas.
Só sirvo para degustar.
Mas nunca imaginei que um dia...
Fosse me fazer sonhar!
Mas foi isso mesmo que aconteceu,
A hora da pipoca que alguém me ofereceu
Fez-me um pouco delirar.
A pipoca de grãos redondos e duros.
Milho considerado mirrado!
Contudo tão saboreada,
Depois do milho estourado.
Que há todos muito agrada,
Na festa da molecada!
É o que tem mais se ofertado!
Como pipoca na panela,
Minhas ideias começaram a estourar...
Percebi a relação metafórica,
Entre a pipoca e o ato de pensar!
Um bom pensamento nasce como uma pipoca que estoura
De forma inesperada, imprescindível e degustadora.
Ambos se fazem revelar.
Com este pensamento comecei a pesquisar,
Descobri uma coisa que não sabia.
A pipoca é a comida sagrada
Do candomblé da Bahia.
Um milho mirrado e subdesenvolvido,
Por esse povo tão bem aplaudido!
Só podia ser sinal de sabedoria...
Fosse eu agricultor ignorante!
Não conhecesse a sabedoria popular.
No meio das espigas graúdas,
As pequeninas trataria de me livrar.
Sob o ponto de vista do tamanho,
O milho pequenino daria pequeno ganho.
Não podendo com as demais se comparar!
Não sei como isso aconteceu...
Mas alguém teve a ideia de debulhar.
E colocá-lo numa panela sobre o fogo,
Esperando que eles amolecessem, sei lá.
Havendo a experiência com água fracassado,
Tentaram com gordura e mais cuidados!
O que ninguém jamais poderia imaginar.
Repentinamente, os grãos pequenos e duros.
Começaram a pular e a estourar.
Saltavam dentro da panela,
Com uma brancura se desabrochavam no ar.
Os grãos duros e quebra dentes,
Transformavam-se em flores brancas e envolventes,
Que até as crianças comiam sem se machucar.
Que a transformação do milho duro,
Em pipoca deliciosa e macia.
Seja um símbolo de transformação para os homens,
Para que tenhamos mais harmonia.
O milho da pipoca somos nós!
Duros, quebra dentes, impróprios para comer e algoz.
Mas pelo poder do amor entramos em sintonia.
Repentinamente, nos transformamos em outra coisa.
Até mesmo, voltar a ser criança!
A transformação pelo poder do amor,
Constantemente buscando mudança.
Após passarmos por alguma dolorosa experiência!
Mudaremos nossa atitude e consciência,
É essa a nossa única esperança.
Imagino que a pobre pipoca,
Fechada dentro da panela.
Lá dentro cada vez mais esquentando...
Com certeza é o fim para ela.
Não pode imaginar a transformação...
Preparada para a ocasião.
Que vai acontecer com ela!
A grande transformação acontece: PUF!!!
E ela aparece completamente diferente.
Que ela mesma nunca havia sonhado,
Isso acontece na realidade com a gente.
A lagarta feia e rastejante.
Que surge do casulo como borboleta voante,
Agora é cativante e envolvente.
Aquele milho pequenino, duro e chocho.
Que com o fogo não estourar.
O destino deles serão triste!
Nenhuma alegria vai conseguir dar.
Vão ficar duras a vida inteira,
Vão ser jogadas no lixo, não é brincadeira.
Como é feito com o famoso piruá.
Piruá é o milho que não estourou!
Ficou no fundo da panela, isolado.
Não terá serventia nenhuma.
É duro, não comestível e queimado.
Seu destino final será jogado fora!
Pense, enquanto há tempo, agora.
Para depois não ficar amargurado.
Ofereço com carinho e afeição ao meu amigo recantista, Irineu Jost e todos os pipoqueiros.