Virgulino bate prego e Mariazinha da Lata
“VIRGULINO BATE PREGO E MARIAZINHA DA LATA “
“ Virgulino, cabeça de prego”,
homem nervoso e tinhoso,
tinha a “Mariazinha da lata “
Como a sua “cherosinha” preferida.
Em noites e noites a dentro,
dançavam até o raiar do dia!!!
VIRGULINO, que de prego só tinha a cabeça,
Em seu pé tinha a valsa.
E MARIAZINHA, nas noites,
Descansava a lata
e virava a mulata:
__ a mulata do Virgulino!
Virgulino na dança,
Virava nos gorós,
Mariazinha saracoteava,
Impestiada.
Naquela noite, a saia rodada da Mariazinha
fez o Virgulino bater prego, com vigor.
Diferente do cunhado Zé , que naquele dia , dizia:
__” eh, chente, sô casado, meu causo é lavá caurro”.
Foi tão forte a dança daquela noite,
Um vigor tão intenso
Que logo,logo, Mariazinha enjoou.
Não, não pense o “cumpadi”
Que se enjoou do Virgulino, não,
Toda noite dançavam,
Mais e mais pregos batiam com vigor!
Sonolenta, Mariazinha,
Já não rodava na dança.
Poucos passos,
Já cansava.
Virgulino desconfiado, ficou a espreitar e logo saiu a perguntar:
_ “ Compadi” , Jose dos Pecados Aflitos” to “aqui a pensar:
Mariazinha quando roda, cansa logo , quer sentar, quando pego em seus “traseros”, a cintura já não vejo, ah , embarrigada, tá !!
__ Souerá , , meu compadi, , a Mariazinha, tá ???”
O som forte da noite a dentro,
“Virgulino cabeça de prego” cismava,
enquanto o galo cinzento já cantava..
__”Mariazinha bate lata “ ta, ah ,ta hum ... in ora se tá...
E lá se foi “Virgulino Bate Prego”,
de foice em punho,
já na roça,
ainda a cismar.
Avistando “comadi “ Zefa,
Virgulino se pôs a perguntar
__ “Comadi”, “quêde “ Mariazinha...
__ Oh “chente “,
“ficô” pra lá “ ostirada “,
numa brancura que “ inte “ faz gosto,
cansada de tanta dança.
__ “Compadi” “mais” mariazinha . “num” dança todo dia,
“Intém “ de manhãzinha??
__ Um dia há de cansar , ora...
Lua Nova,
Lua cheia,
Perdeu até a conta,
De quantas já contou.
Virgulino já nem conta,
Os dias sem Mariazinha,
Sem lata, sem nada ...
Cadê aquela danada?...
Malsombrado, “aguniado”,
Virgulino nem dançava,
Esperava pela mulata.
Noite e dia,
Sol a dentro..
Bem feito “ pro “ Virgulino,
Só pensa em “batê “ prego,
__” Ocê “ lembra daquela mulata...
...aquela da lata ...!!!!
“Pos , entom””
“antonti”, lá de casa,
fui espreitar a lua,
que mais parecia dia.
Fiquei a pitar,
Pondo carneiro a contar,
Quando ouvi um sussurrar:
_” Maria, Maria de lata,
_Tu tá que “ num guenta,” oh , Mulata,
_ “ chami” “u” Virgulino,
_ Que, a essa hora,
_ Deve estar a dançar.
-Oh, compadre José dos Pecados Aflitos,
susurre ao Virgulino,,
Prepare bem aquele “homim”,
Cumpadi ,
Que aquela mulata vai pari...
E , de certo , é ele, o pai ...
“Sô “.
Virgulino , desconfiado,
Tanta prosa, sem ele perto,
De certo,
Por certo
É ele o caçoado.
“ Vou chegando
Lá pelas tantas...
Quase a prosa já começa,...”
E longe se escuta,
Voz de mulata,
Que na noite gritava,
Voz da mãe Mulata
“Virgulino, saiu doido,
Chapéu torto no coco,
Conta ? depois nois ... Paga
Pindura, “Zé dos Mé”
“ Num é que “ acertei,
Na mulata da lata. ??????!!!!!!“
Um choro que rasgava a noite,
Ensurdava Virgulino,
Lá, chegando, foi dizendo:
_” Num carece “,
Por causa de que é meu , e é menino !
Mas Virgulino, assanhado,
Nem esperou o recado,
_ Vê , Maria medrosa,
que só é escandalosa,
Quando dança no sacode.
Nem escutou a “ comadi” ,
que derramada ,
em soluços ,
quase sem palavras ,
acarinhava seu novo “compadi” :
- Pegue , pegue ,”compadi” ,,
É “ memo” filho seu , ora..
Tu num vê??..
Esses cabelinhos “inroladim...” ,
Que mais parece “ messsmu”
Cabeça de prego ,
Ô chente !!!!..
“Indentro “ desse meu chapéu
“ tinado “ de “vermeio “
Da lata da Maria ,
É nosso, sim ,
Num vê : iguali eu ...iguali nóis..
Deus “ bençoa ... “
E que ninguém nos “ caçoa... “
.
Therezinha Henriques
2003