FORA MAU AGOURO!

Desgraçados, vão embora!

atolem-se num lamaçal

enterrem-se num buraco

se enforquem no escambau

pulem do alto da ponte

escondam-se nalgum monte

vocês, mensageiros do mal

Vão pras profundezas do mar

que morem lá no deserto

como animais abjetos

mordem quando estão perto

rincham feito cavalos

espinham nos intervalos

o incorreto do incerto

Por que não escorrem no ar

por que não viram tristeza

por que não viram fumaça?

Pulem dum trem, é moleza

nadem numa cachoeira

tranquem-se numa banheira

comam sua estreiteza

Se eu fosse feiticeiro

só me bastava um poder

realizar meus desejos

tudo que quizesse fazer

pra ficar longe dos chulos

jumentos de carga nulos

dar-lhes tudo que merecer

Tresloucados despreziveis

cavalos desenfreados

desumanos inconstantes

jumentos desembestados

bestas-feras arrogantes

homúnculos inconstantes

ursos velhos desdentados

Papelotes rasgados, sujos,

lixo da sociedade

raios ultravioletas

vivem só para maldade

animais desengonçados

bandoleiros malcriados

desenganos da saudade

Dêem-nos o prazer de sair,

sumam, façam-nos esse favor,

sorrisos de Mouras-tortas

desapontados do amor

de revolver estampidos

do viver desiludidos

pruridos de imensa dor

Peguem rabo de foguete

dormitem, não amanheçam,

no alto de um penhasco

do viver vão lá, esqueçam

esmurrem ponta de faca

façam raiva pr'uma vaca

depressa, desapareçam!

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 30/03/2012
Código do texto: T3584653
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