Décimas de um aprendiz

Autor: Edmilton Torres

I

Peço licença aos gentis

Silêncio aos mal educados

Para ficarem sentados

E ouvir os versos que fiz

Perdão, pois sou aprendiz

Não sei se irão gostar

Mas todos podem apostar

Que fiz com dedicação

Busquei fundo a inspiração

Para melhor me expressar

II

É uma curta jornada

Pelas estradas da rima

Sem perder a auto-estima

Pela crítica inesperada

Seguirei a caminhada

Calçado ou de pé no chão

Dizendo de antemão

Cada estrofe é um novo tema

Pois a musa do poema

É a improvisação

III

Quem não quiser escutar

Poderá sair agora

Melhor esperar lá fora

Porque não vai demorar

É melhor que me vaiar

Não façam isso comigo

Pois lhe digo meu amigo

Se acaso for vaiado

Ficarei muito magoado

Será um grande castigo

IV

O poeta é um artista

Que deve ser aplaudido

Se não for reconhecido

É provável que desista

Nega-se a dar entrevista

Por causa da frustração

E sem ter outra opção

Vai viver o seu dilema

Deixa de fazer poema

Sua grande vocação

V

Nem todo mundo se atreve

Ser poeta e fazer verso

Viajar nesse universo

Nunca foi tarefa breve

Precisa ter pena leve

E ter sensibilidade

Quem tentar por vaidade

Não terá aprovação

Só terá desilusão

Por não ter capacidade

VI

Quando Deus nos quer falar

Usa a pena do poeta

Sua forma predileta

Para se comunicar

Não se deve desprezar

Essa forma de expressão

É a voz do coração

De um momento divino

O que Deus está sentindo

Poetas revelarão

VII

Para o poeta a poesia

É uma forma de oração

Ele abre o coração

Nos momentos de alegria

Tristeza ou melancolia

Nobres sentimentos seus

Nos encontros, no adeus

Sempre com muita ternura

Mas munca com amargura

Para conversar com Deus

VIII

O dom de fazer poesia

Que do meu pai foi herdado

É um dom abençoado

Que só me traz alegria

Peço a Deus sabedoria

E também muita humildade

Para ter capacidade

De honrar sua memória

Não macular sua história

De honra e honestidade

IX

Deus traçou o meu destino

E planejou minha meta

Deu-me o dom de ser poeta

Porque esse é um dom divino

E assim ainda menino

Já escrevia poesia

Às vezes em parceria

Com colegas de infância

Mas nunca dava importância

Aos versos que escrevia

X

Eu acho que escrevia

Talvez por encantamento

Com o enorme talento

Dos poetas que eu lia

Sonhava ser algum dia

Um poeta consagrado

Mas depois deixei de lado

Esse sonho adolescente

Mas sempre tive na mente

Que o dom me fora dado

XI

Faço versos todo dia

Alguns só em pensamento

É o único alimento

Que minha fome sacia

Uma coisa que vicia

E não consigo parar

E fico a me perguntar

Se a poesia me dá asas

E sinto meus pés em brasas

Por que então não voar?

XII

Dependendo do talento

Alguns versos eu escrevo

Outros eu nem me atrevo

São levados pelo vento

Tudo é coisa de momento

E não tenho piedade

Se acho sem qualidade

Descarto e não arquivo

Pois não posso ser cativo

Apenas da vaidade

XIII

Meus versos não são guiados

Por rigores de métrica

Pois não estudei a técnica

Dos autores refinados

São versos alicerçados

Na força dos argumentos

Dos mais puros sentimentos

Que a vida me propicia

Transformando em poesia

A beleza dos momentos

XIV

Agradeço a atenção

Que dispensaram ao poeta

Uma plateia seleta

Que ouviu com emoção

E levo no coração

Experiência de monte

Se hoje bebi da fonte

Um dia virei de novo

Entre o poeta e o povo

Haverá sempre uma ponte

Edmilton Torres
Enviado por Edmilton Torres em 27/03/2012
Reeditado em 27/03/2012
Código do texto: T3579303
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