Desafio em Galope: Cairo x Nilson

Aqui o Nilson e eu somente estávamos brincando numa comunidade do Orkut que se chama Trovart:

Cairo - Que todos cantores aqui da Trovart

apertem seus cintos,vou dar espanada!

Pois sou valentão, com canhão, com espada,

com foice, machado, bereta... é minha arte,

se melem, se borrem, liguei meu start,

rebecas, violas não vão aguentar

os versos fuleiros do meu poetar,

mulher valentona, qualquer cabra macho

vocês vão ficar lá no inferno ou pra baixo

nos dez de galope na beira do mar.

Nilson - O Cairo na área querendo pancada?

Pois já bati tanto que doeu meu braço

já dei-lhe uma tunda, aprontei um regaço

que o pobre coitado não sabe é de nada

é bobo o menino, criança mimada

que finge que canta e que sabe rimar

e tem a pachorra de vir enfrentar?

Pois vire essa bunda que vais levar couro

seu verso é de lata, meu verso é de ouro

cantando galope na beira do mar.

Cairo - Jumento, fuleiro, poeta bichado,

um corno arrombado que não tem amigo,

que vive em castigo, és um pobre mendigo,

o boi mais fodido, marido viado,

mulher das esquinas, penico mijado,

poeta manjado até mesmo em xingar

não serves pra nada cagão singular,

matuto, molenga, macaco, cavalo...

Tu és o cocô escorrendo no ralo

nos dez de galope na beira do mar.

Nilson - Oh, Cairo, viado, seu corno bundão!

És trouxa, canalha, ladrão, vigarista,

sebento, babaca, imbecil, masoquista,

otário, marreco, és um boi vacilão

retarda, ranhoso, palerma e cagão,

sujeito mais burro, só quer apanhar.

Cretino, coitado, não sabe rimar:

És parvo, panaca, farsante e cretino;

achando-se o tal tu te mostras menino

cantando galope na beira do mar.

Cairo - Que isso amiguinho? Que verso mais fula!

Que verbo nojento, cagão, fedorento...

Lhe parto em quarenta, pois sou violento,

foi eu que cortei os dois dedos do Lula

você não é nada, não passa de mula

que empaca, não canta, não sabe rimar

a sua viola só sabe falar

que sou bom da peste, que sou bom demais

e todos me aplaudem porque sou vivaz

nos dez de galope na beira no mar.

Nilson - Qualé, Rosa Púrpura, aprume teu verso,

melhore essa escrita senão te arrebento

'cê sabe, meu velho, me sobra talento

e nessa peleja sou bom e perverso:

Sou Nilson, meu velho, tu posa de "Nérso"

se chama pra treta, pois vais arregar,

sair miudinho, pedir pra cagar...

Seu verso é capacho, eu atinjo o tal zênite.

O dedo do Lula? Matei o John Kennedy!

Nos dez de galope na beira do mar.

Cairo - Não sou Mancha Verde e jamais Tricolor...

A tua riminha vai dentro de um balde,

a minha ultrapassa os trezentos mil raund

te pega de quatro arrancando o bolor

do teu fundo feio, cheím de fedor

e todos agora começam louvar

o meu jeito manso de leve pegar

um cabra que mata um só homem em vão,

matei cuma bomba um montão no Japão

nos dez de galope na beira do mar.

Nilson - Irrita no Cairo ele ser tão baitola!

O cara até sonha com pintos e bundas.

Não sou da sua turma, você não confunda

Você desencane: comigo não rola.

Segure essa franga, seu Cairo, controla;

e volte pra rima, pro bom duelar.

Eu sei que és tão biba e só queres um par,

mas cá na Trovart não mordas a fronha:

Você se complica, só passas vergonha

cantando galope na beira do mar.

Cairo - Eu sou a topeira que rói todo o chão,

poder militar de trocentos mil cabra;

eu sou um encanto maior que "acadabra",

veleiro vivaz em qualquer um tufão,

cantor afinado, a madeira que não

consegue jamais por cupim acabar,

o ferro que nunca ferrugem terá;

eu sou o poeta que dou ponta pé

tu não és ninguém, pois só andas de ré

nos dez de galope na beira do mar.

Nilson - Se estou na peleja, eu esqueço o cansaço,

mas tudo se acaba, meu tempo e a cerveja.

A próxima, Cairo, eu espero que seja

na mesma batida e no mesmo compasso.

Estou indo nessa, mas deixo um abraço

ao povo bacana que veio escutar;

e, truta, querendo, é só vir me chamar:

Não falta vontade, nem rima ou assunto.

É nóis dois na área. Isso aê! Tâmo junto

cantando galope na beira do mar.

10/05/2011

INTERAÇÕES DO BAR DOS ESCRITORES:

Jarbas Siebiger - 06/07/2011

O Cairo e o Nilson são dignos nababos

daquilo que o demo carrega na testa

calangos se acham, nessa triste festa

mas são lagartixas abanando seus rabos

não há quem aguente esse pobres diabos

montaram seus jegues à galope pra sampa

com blushes e rímels borrados na estampa

a tempo de andar de mãos dadas na "gay"

gritando, malucas: "Bolsô é meu rei!

quem trova sem arte, aqui não acampa!

Cairo Pereira - 14/07/2011

O Jarbas, coitado, não é afinado!

Por isso não tem o gracejo da rima;

o Nilson, ligado, já sabe que a esgrima

só serve pra quem reconhece o malvado

contor de primeira que tem um bocado

de versos, assuntos e bom linguajar;

não ponha, seu Jarbas aqui neste bar

palavra em inglês pra o cantor tão matuto

que tua mulé se lascou co' homem bruto

nos dez de galope na beira do mar.

Ft ... - 14/07/2011

Não tem mais duelo, nem farpa, contenda

porque destes dois metidinhos a vates –

de lirismo tosco, faltando em quilates –

não há brilhantismo, nem rima estupenda

senão enganando em partir pra oferenda

pra Buda, pra Zeus, pra São Jorge, Yemanjá

(ou Whitman, Machado, ou Ferreira Gullar)

achando que adianta louvando estes deuses

se o único DEUS (o Ft) está há meses

instruindo o galope na beira do mar...

Cairo Pereira, Nilson, Jarbas Siebiger e F.T
Enviado por Cairo Pereira em 23/03/2012
Código do texto: T3570897
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