CORDEL DO CÉU
Sem saber como fazer
de rima sem ter noção
desconhecendo versos
sem qualquer inspiração
olhei direto pro céu
então fiz este cordel
com grande admiração
É que do céu vej'o luar
o sol que brilha intenso
anjos sobrevoando
no espaço imenso
estrelas conversando
cometas passeando
versejando o que penso
Aviões lá transitam
à guisa de passarinhos
mas nunca nos disseram
onde fazem seus ninhos
esses monstros de aço
já perderam o cabaço
e continuam sozinhos
Todos sonham ir pro céu
alguns vão pro inferno
num lugar ou no outro
o tempo será eterno
cada um sabe de si
um chora outro sorri
chove mel no inverno
Tem coisa melhor que céu?
Se tiver diga pra mim
talvez nata da nata
um paraíso sem fim
algo inigualável
ternura impensável
eu quero algo assim
Quem está no céu não vem
fazer relato de lá
continua o mistério
então podemos pensar
certamente é muito bom
assim no melhor do tom
vou também imaginar
Mas como falar do céu
ainda não cheguei lá
por mais que queira dizer
não adianta tentar
é grande esse mistério
como raro minério
difícil de encontrar
Que estranha sensação
quando olho para o céu
pareço ver pintura
numa folha de papel
a cor toda azulada
rua iluminada
tendo a lua como véu
Como se visse o teto
de todo Universo
o Cosmo virando casa
o espaço feito verso
as estrelas bibelô
a lua o lar do amor
o sol meio controverso
Mas o homem é atrevido
já foi até pra lua
agora vai pra Marte
voando numa pua
vai mudar o infinito
na marra e no grito
fazendo dele rua
Pobre dele, coitado,
não passa de formiga
o ponto da letra i
pedaço de barriga
pra ele chegar ao céu
num foguete de tonel
carece mão amiga
No céu tudo é delícia
magia, poder, amor
o melhor da santidade
um lugar longe da dor
só vai pra lá quem já creu
que Jesus Cristo morreu
mas também ressuscitou