Dança do acasalamento

Certa vez em minha terra

Em um baile popular

Comecei a beber

E passei a indagar

O que eu precisava fazer

Pra no fim acontecer

Milagre deu’casalar!

Me desculpem a expressão

Mas não vejo a diferença

Se tu ver bem a ação

Verá que isso num é crença

Apesar do “aprender” social

A natureza faz iqual

Em qualquer espécie que se pensa

Pode-se observar, todo o ritual

A femea se prepara

E o macho faz igual

Quando chegam no recinto

Os olhares, em conflito, dão inicio

Ao processo que no fim é vitalício

Pra manter a espécie casual

Se cobrir com belos panos

Se enfeitar como um pavão

Tudo isso cria nos olhos

Um engano, uma emoção

E ao seduzir por completo

O ser que atrai é de certo

Um fiel agente da procriação

O macio de uma pele,

Senti-la, ao cumprimentar

É uma outra estratégia

Do jogo de acasalar

Com a vontade de tocar

De possuir o outro corpo

E nele se debruçar

O cheiro é outra estratégia

Desse cerimonial

Igual bodes, se “chiringam”

Para a explosão sensorial

E o perfume é um atrativo

Irressistível ao atrito

Dessa cópula germinal

Além disso tem a dança

Movimento que encanta

Que atrai e sensualiza

E quando não se pega na fala,

É dançando que se avista

O outro corpo, sedento pelo gozo

Razão essencial da conquista

E falhando tudo isso

Se o ritual não prosseguir

Usam a forma prima

A primeira a surgir

Violência como ética

Exibindo sua estática

No fim a força vai definir

Machos vão se atracar

Loucos pela conquista

Seu orgulho, gozo à vista

De olhos que observam

Que esperam como prêmio

Depois do bruto ato ingênuo

Entregar-se ao erguido

Mesmo assim nos orgulhamos

De sermos inteligentes

Mas somos as mesmas bestas

Selvagens e indiferentes

Fazemos o que outros fazem

Só que achamos mais capazes

De complicar o “naturalmente”