as aventuras de Jão cocá

Sem nenhuma formação

Sou poeta caipira

Deus me deu este talento

Por isto só ele tira

Faço cordel com prazer

E todo mundo que lê

Com certeza se admira

Hoje um caso diferente

Pra vocês quero contar

E de um conversador

Que tinha no meu lugar

Parecia um lobisomem

Ninguém sabia seu nome

Seu vulgo era jaó cocá

Se você contasse um causo

Jão cocá intrometia

E dizia eu já vi isto

Ou então que conhecia

Todo mundo se calava

E jaó coca começava

Contar sua valentia

Sou forte rápido e preciso

E nunca me atrapalho

Corro no mato cedinho

Sem me molhar no orvalho

Mais que quiabo sou liso

Cascavel balança o guizo

Com a mão arranco o chocalho

Disse que foi passear

No sitio de Zé moreno

Viu um jararacuçu

De dez metros mais ou menos

Quase ninguém acredita

Ele pegou a maldita

Para tirar o veneno

Veja a luta que travou

Jaó cocá com a serpente

Uma luta desigual

Entre animal e gente

Mas vindo de jaó coca

Você tem que acreditar

Porque jaó cocá não mente

Com as costas escurecidas

E a barriga amarela

Ele nunca tinha visto

Cobra grande como aquela

E pensou rapidamente

Hoje eu pego essa serpente

E tiro o veneno dela

Garrei com força tremenda

Na cabeça da valente

Botei um balde bem grande

Na direção do seu dente

Foi uma hora pingando

Quando tava derramando

Soltei ela novamente

Quando eu soltei a cobra

Ela me fez traição

Mas veloz do que um raio

Furiosa igual o cão

Com a língua para fora

Eu gritei nossa senhora

E cair num buracão

Ao cair nesse buraco

Começou logo meu drama

Com vinte metros de água

Quarenta e cinco de lama

Entrei em coma profundo

Pois pra eu chegar ao fundo

Levei quase uma semana

Foram seis dias descendo

Com a cabeça pra baixo

Ouvi então uma foz

Vinda de cima pra baixo

Que disse assim: Jaó cocá

Eu só vou te ajudar

Porque tu és cabra macho

A voz era duma moça

Igualzinha uma sereia

Que vinha pelo riacho

Nas costas duma baleia

Quando foi se aproximando

Ela foi se transformando

Em uma fera bem feia

Então eu sair do coma

E comecei a subir

Com a boca bem fechada

Pra lama não engoli

Mas com medo da sereia

Que virou a fera feia

Em meia hora eu sai

Cheguei na borda do poço

Botei a cara pra fora

Agradeci a Jesus

Também a nossa senhora

Com muita força no braço

E sem demonstrar cansaço

Sai dali sem demora

Mentira tem pernas curtas

Dizia o velho ditado

Porem quem conta acredita

Que ta sendo acreditado

Depois eu conto a vcs

A viagem que ele fez

Da vez que foi encantado

joãocorin
Enviado por joãocorin em 20/03/2012
Reeditado em 20/03/2012
Código do texto: T3565141