CURTO E GROSSO

Estou no mundo da lua

Mas tudo que sobe desse

Quando a cabeça não pensa

É o corpo que padece

As aparências enganam

Cuidado com o que parece

Que o sol nasce para todos

É a perna curta da mentira

Que um dia atrás do outro

É porque a terra gira

Pois a corda arrebenta

Na parte fraca da embira

Da de cara contra o muro

Não é boa coisa não

Ficar encima do muro

É falta de decisão

Pular o muro ou a cerca

É sinal de traição

Quem semeia ventania

Só vai colher tempestade

Pois tudo que nós queremos

Já possuímos a metade

É só completar o resto

Somando com a vontade

Pode ate ir o anel

Desde que fique o dedo

Deus ajuda quem madruga

Porque levanta mais cedo

Mesmo a água sendo mole

Batendo fura o rochedo

Que um dia é da caça

O outro é do caçador

Caiu na rede é peixe

Assim disse o pescador

Dizem que Deus manda o frio

É conforme o cobertor

Nem que a porca torsa o rabo

Ou a vaca tussa primeiro

Nem que chova canivete

Não falo do candeeiro

Porque serve de consolo

Para quem não tem dinheiro

Onde há fumaça há fogo

E a cobra vai fumar

Caminho de doido é certo

Sem perigo de errar

Disse que quem ta na chuva

É porque quer se molhar

Que o espeto é de pau

La na casa do ferreiro

Quem rir por ultimo rir melhor

Duque o que rir primeiro

Só pode cantar de galo

Se for chefe do poleiro

Que é rei quem tem um olho

Aonde o resto cegou

Foi com o macaco gordo

Que o galho se quebrou

Estando em terra de sapo

Com o sapo o homem pulou

Quem ver cara, nunca ver

No fundo do coração

Ta conversando sozinho

Conversa com o botão

Dois passarinhos voando

Não valem mais que um na mão

Quem pode mais chora menos

Quem tudo quer tudo perde

Pau de galinheiro é sujo

Quanto mais mexe mais fede

Diga com quem tem andado

O que tu és isso mede

O pau que já nasce torto

Não há ninguém que aprume

Se a coisa é duvidosa

É faca que tem dois gume

É no frasco pequenino

Que ta o melhor perfume

Se a vaca foi para o brejo

Precisa desatolar

Se é de dar o peixe pronto

Ensine o homem a pescar

É o uso do cachimbo

Que faz a boca entortar

Que uma só andorinha

Não da pra fazer verão

Que pode caçar com gato

Caçador que não tem cão

E que o apressadinho

Come cru o seu feijão

É com uma gota d’água

Que o copo se derrama

Bote a boca no trombone

Pois se não chora não mama

Se a batata ta assando

Tão fazendo a nossa cama

Do mato não sai coelho

Espera o coelho entrar

Não tendo trunfo na manga

O melhor é não jogar

Uma vez que ajoelhou

Vai ter mesmo que rezar

Seguro morreu de velho

Desconfiado ainda não

Porteiro morreu pisado

Na hora da confusão

Um ladrão que rouba outro

Tem cem anos de perdão

Tudo o que sobe desse

E quando o corpo padece

A cabeça não pensou

É engano o que parece

Mas veja que tudo acaba

Da forma que começou.

PAULO JEZER
Enviado por PAULO JEZER em 18/03/2012
Reeditado em 20/03/2012
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