Utopia
Trabalhei o dia inteiro,
Cheguei em casa cansado,
Fui direto pro chuveiro,
E depois de ter jantado,
Fui assistir ao jornal,
Ao jornal nacional,
Com a mulher ao meu lado.
Por estar bem enfadado
Eu cochilei no sofá.
Aí eu fui convidado
Pra com ela me deitar.
Prontamente aceitei,
Logo no sono peguei,
E comecei a sonhar.
Agora vou relatar
Aqui o que eu sonhei.
Porém não vou detalhar,
Muito tempo perderei.
Foi muito longo o sonho,
Tive um desgosto medonho,
Depois que eu acordei.
No sonho, alegre fiquei,
Pois achava ser real,
Porém me desapontei,
Quando acordei, afinal,
O sonho que eu acabava
De ter ele não passava
De uma 'história' surreal.
Sonhei haver eleição
No Brasil, pra presidente.
Um tal de Pedro Leitão,
Filho d'um ex-combatente,
Encostava nas pesquisas,
Os outros de cara lisa,
Viram passá-los à frente.
E o tal pedro venceu
Desbancando os demais.
O povo não se vendeu,
E o homem, com todo gás,
Uma boa equipe forma,
Começou uma reforma,
O homem ganhou cartaz.
Passaram a ganhar mais
Todos os trabalhadores.
Rodoviários, federais,
Assim como professores.
Enfim, todos seguimentos
Tiveram grandes aumentos,
Tornando-se tudo flores.
Todos os opositores
Ensaiaram um motim.
Mas seus colaboradores,
Lutaram muito a fim
De acabar com a revolta,
Formaram uma boa escolta,
E a revolta foi ao fim.
Ele botou ordem, sim.
Corrupção ficou pra trás,
E não houve mais motim,
Reinou harmonia e paz,
Acabou-se a propina,
Nem postos de gasolina
Foram assaltados mais.
Tráfico de entorpecentes
Também não mais existia.
Assim, consequentemente,
Drogados ninguém mais via.
Assaltantes na prisão,
E nem sequer um ladrão
Solto também não havia.
Todo mundo trabalhava,
Acabou-se o desemprego,
Inflação não aumentava,
Tanto branco quanto negro,
Tinha as chances iguais,
Discriminação, jamais,
Era grande o sossego.
No início, já falei,
No sonho, estava feliz.
A mim mesmo perguntei:
"Será mesmo este país
O qual eu nasci e moro?!"
Quando acordei, quase choro,
Voltar a sonhar eu quis.