A SECA É UM TORMENTO MERECE SER ENFRENTADA (REPUBLICADA)
A mata mudou de cor
De verde ficou cinzenta
O Sertão não aguenta
Sofrendo, chora com dor
O vento com seu furor
Soprando tudo degrada
A poeira na estrada
Escurece o pensamento
A seca é um tormento
Merece ser enfrentada
A cantiga da cigarra
Anuncia tempos ruíns
Não chove nesses confins
Se chove o vento esbarra
O matuto olha a barra
As cinco da madrugada
Só se vê pela estrada
Lamúria e sofrimento
A seca é um tormento
Merece ser enfrentada
A pisada do vaqueiro
Estrala no mato seco
Os pedaços de esterco
Cobrindo o mato rasteiro
Já chega mês de Janeiro
A terra esturricada
Dura, nos pé dá furada
Deixando-os bem barrento
A seca é um tormento
Merece ser enfrentada
O porão já tá rachado
Traíra morre de sede
Gado no pé da parede
Sem água tudo enlamado
O cancão com seu piado
Acoa vaca amojada
Faz festa a urubuzada
Voando no firmamento
A seca é um tormento
Merece ser enfrentada
Na sombra do juazeiro
Junto com a d'oiticica
Ali é que o gado fica
Observando o vaqueiro
A ração é um facheiro
Junto com palma cortada
A fome é aliviada
Comem boi, vaca e jumento
A seca é um tormento
Merece ser enfrentada