O verde do Sertão
Quando vi tanto mato seco
Em meu interior chorei
O sol rachava minha pele
E sem esforço suei
Vendo o sol reinar absoluto
Vendo toda vegetação de luto
Por chuva eu supliquei
Me apareceu então um garoto
Que tentou me tirar do chão
Eu estava de joelhos
E ele me puxava pela mão
Me dizia: - levante seu moço
Não é tempo de chuva não
- Nós estamos em setembro
Este sequeiro é mais que normal
Todo ano isso acontece
É um fato natural
Não se preocupe com a caatinga
É forte todo esse matagal.
Me levantei e sentei
Na sombra de um juazeiro
Talvez a única árvore
Que estava verde no terreiro
Parecia um grande rei
De todo aquele sequeiro.
O menino também veio
E ao meu lado sentou
Eu estava olhando e pensando
Ele também olhou e pensou
Depois se virou pra mim
E me olhando falou:
- Eu sei que não é daqui
Que essa não é sua região
Também sei que não conhecia
A caatinga e o sertão,
Mas logo você se acostuma
Não fique preocupado não
Eu apenas me levantei
E sair sem nada falar
O menino ficou sentado
Apenas a me olhar
Eu cada vez mais rápido
Estava a me afastar
O tempo passou voando
E novembro logo chegou
E aquele mato seco
Muito mais seco ficou
A chuva então veio
E toda aquela vegetação molhou
Em uma semana apenas
Toda aquela vegetação
Virou um manto verde
Em todo o imenso sertão
E o verde tomou conta
De toda aquela região
Foi ai que entendi tudo
E vi que o menino
Me mostrou que todos nós
Temos na vida um destino
E que ser diferente
Pode despertar o fascino.
Nunca vi nada melhor
Que um forte aperto de mão
Nem vi nada mais belo
Que o verde do sertão
Nem aprendi nada melhor
Que essa bela lição.