NO ESCURO DO ELEVADOR
Dentro de um elevador
De noite, com luz acesa,
Tinha uma senhora alemã
E uma bela jovem francesa.
Era um país estrangeiro,
Mas lá tinha um brasileiro
Com um jeito bem nordestino.
E por arte do pecado
Dentro daquele quadrado
Também tinha um argentino.
Os quatro bem comportados
E aí faltou energia.
Ficou tudo tão escuro
Que nem um vulto se via.
Foi então que de repente,
No meio daquela gente
Naquele escuro, à solapa,
Ouviu-se um beijo estalado
Que soou acompanhado
Do barulho de uma tapa.
Quando chegou energia,
Com sorriso disfarçado,
Um olhava para o outro,
Com olhar desconfiado.
Cada um imaginava,
Mas nenhum deles falava
Quem bateu e quem beijou.
Quem foi eu não sei dizer,
Mas eu posso descrever
O que cada um pensou.
A Senhora da Alemanha
Pensou: eu tenho certeza!
Um desses “cabras” safados
Beijou a moça francesa.
Mas ela fez muito bem,
Pois não gritou por ninguém,
Mas pelo barulho ouvido
Fez uma atitude rara.
Meteu a tapa na cara
Desse sujeito atrevido.
E a bela jovem francesa
Ficou ali a pensar:
Esse tarado safado
Desejava me beijar.
Mas ele deu uma fora,
Beijou aquela Senhora
E pagou pelo mal feito.
Foi mal na sua aventura
Porque ela com bravura
Deu na cara do sujeito.
E o argentino pensou:
“Eu tenho quase certeza!
O brasileiro safado
Beijou a moça francesa.
Com a sua malandragem
Ele fez por sacanagem!
E ela pensou que fui eu.
Então, ela revoltada,
Com a sua mão estirada,
Na minha cara bateu”.
O brasileiro malandro
Pensou nessa conclusão:
“Pra gozar com o argentino
Dei um beijo em minha mão.
E antes que a luz acendesse,
Sem que ninguém percebesse,
Usei meu jeito “malino”.
Abri a palma da mão
E lasquei um bofetão
Bem na cara do argentino”.