DESEJO DE SER POETA
Falaram que sou poeta
E eu, então, acreditei.
Peguei lápis e papel,
A escrever comecei...
Verso a verso fui criando
E um cordel vi se formando
Com as palavras que juntei.
As ideias foram nascendo,
Uma a uma fui juntando.
E entre brancos e rimados
Os meus versos fui alternando
De forma que essa alternância
Não ferisse a concordância
Do texto se emoldurando...
E os versos então surgiram
Guiados pela emoção
De ver a estrofe nascer
Sob o leme da inspiração,
Que sempre me vem à tona,
Porém, nada questiona
Sobre os males da paixão
Que está sempre presente
Nos versos cheios de lirismo
E carregados de amor
Oriundo do romantismo...
Mas a paixão do poeta
Somente se completa
Nos braços do altruísmo.
E assim fui escrevendo
Sobre assuntos quaisquer:
Falei da Mãe-Natureza,
Homenageei a mulher,
Exaltei o colibri,
Sobre flores escrevi,
Também citei o meu mister.
Insultei os maus políticos,
Critiquei nossos governantes,
Elogiei os meus amigos,
Falei dos poetas errantes.
Lamentei os versos perdidos,
Cantei amores proibidos,
Instiguei a libido dos amantes...
Hoje, os versos que escrevi
circulam mundo afora,
Mas não posso eu dizer
Que sou poeta, embora
De sê-lo tenho vontade.
Não por pura vaidade,
Mas porque já está na hora.
E pensando na hipótese
De uma vida mais completa
Deixei meus versos fluírem
De maneira bem discreta
A fim de que algum dia
Esta simples poesia
Faça de mim um poeta.