ENTERRO DOS OSSOS

ENTERRO DOS OSSOS

Quando chega o quarto dia
De festança e de resa
De cansaço o corpo pesa
é exaustão dessa folia
vão com membros alquebrados
tristes e mal humorados
pro trabalho & companhia.

Mas antes de fazer desfecho
A folia entoa um canto
é réquiem e desencanto
com moleiras mal passadas
jogam cinza e jogam terra
sobre o feito que se encerra
carnaval só noutro ano.

Voltam todos ao trabalho
Com os olhos meio inchados
Com os músculos cansados
Viram a alma em frangalhos
Pois a mente buliçosa
Foi na resa fervorosa
Com a droga andando solta.

A cachaça foi vigário
E a cerveja sacristão
Tanto os beatos de salão
Como os santos lá da rua
Se benzendo o tempo inteiro
Pois é no mês de fevereiro
Que ao samba prestam culto

Todo o povo mais humilde
Se vestiu de bom cristão
E em lendária procissão
Seguiu rumo à catedral
Receberam suas notas
Onde as beatas mais devotas
Até sem roupas dizem amém.

Mas cumprido o calendário
Todos vão se retirando
Rindo alguns outros chorando
Por boa nota até brigaram
Vão atrás do seu destino
É a missão do peregrino
Que palmilha o terra-a-terra

Afonso Martini
220212



Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 22/02/2012
Reeditado em 22/02/2012
Código do texto: T3513051
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.