Terror no carnaval do Pelô
Terror no Pelô
Jorge Linhaça
Andava eu bem tranquilo
pelas ruas do Pelô
quando ao longe vi aquilo
corri igual um esquilo
tomado pelo terror
O grupo me perseguia
chamando pelo meu nome
que fosse seu pai queriam
diziam na gritaria
como que loucos de fome
Botei sebo nas canelas
passei pela antiga Sé
fugindo de tais mazelas
com minhas pernas branquelas
calçando asas nos pés
Mais que o povarinho
seguia as minhas pegadas
gritando: vem cá painho!
como se fossem meus filhos
d'alguma vida passada
Corri como um pé de vento
cheguei ao dá-me um tostão
quase sem folego e atento
ao grupo e ao seu intento
no limiar da razão
Fui de encontro ao Sulacap
correndo pela avenida
buscando algum escape
me sentindo quase em Marte
implorando pela vida
Fui bater em campo grande
carregando meu alforje
Em meio aos filhos de Gandhi
alguém disse não se zangue
São só os filhos de Jorge
- Pois é esse o meu medo!
Nem filhos tenho aqui
Nenhum feito em segredo
em algum engano ledo
Esses tais eu nunca vi
Já não tenho pouca idade
e ninguém vou perfilhar
estou falando a verdade
quem quiser exame aguarde
Cedo meu DNA
Se acalme meu amigo
falou-me num tom mais ameno
pois não há nenhum perigo
Fihos de Jorge, te digo
São os artistas Gilmar e Gileno
Jorge Gomes o seu pai
lhes serviu de inspiração
e a banda hoje sai
E festeja aonde vai
de São Jorge a proteção
Respirei aliviado
acalmou-se o coração
sentei-me ali ao lado
pagando um mico danado
pela minha confusão.
Salvador, 21 de fevereiro de 2012