* Jogando sementes *

Um homem trabalhava numa fábrica

De sua casa muito distante

Andava 50 minutos de ônibus

Sempre muito elegante

Junto com uma senhora idosa

Tranqüila, serena e cautelosa

Seu jeito era bem fascinante

Sentava-se junto à janela

E tirava um pacotinho

E passava a viagem jogando

Alguma coisa pelo caminho

O homem curioso lhe perguntou

- O que tanto você jogou?

Observei-lhe de mansinho

- Jogo sementes, respondeu ela.

- Sementes? Sementes de quê?

- De flores. É que nessa estrada

Nada florido se vê.

Gostaria de viajar

Com flores coloridas para se olhar

Pois elas nos dão prazer

- Imagino como seria bom!

Mas será que vão germinar?

Algumas caem no asfalto

Os carros vão esmagar

Ou então os passarinhos

Vão lhe encontrar no caminho

E então vão lhe devorar

- Mesmo que algumas se percam

Outras vão germinar

Algumas cairão na terra

E com o tempo vão brotar

O homem a questionava

Dizendo que não concordava

Pois várias coisas iam precisar

- Ah! Eu faço a minha parte,

É o que tenho para dizer

- Mesmo assim vão precisar

De água para beber

Necessitam ser adubadas

De alguma maneira cuidadas

Como é que vão crescer?

- Sempre há dias de chuva,

Isso é verdade ou não?

E se alguém jogar as sementes

As flores então nascerão

Dizendo isso, se virou

Na janela se debruçou

Jogando sementes ao chão

O homem desceu logo adiante

Achando a senhora senil

Algum tempo depois,

Ele se encantou com o que viu

Muitas flores na estrada

Coloridas e perfumadas

E a senhora, não mais viu.

- Perguntou ao cobrador

Que conhecia muita gente

Cadê aquela senhora?

A velhinha das sementes?

Pois é... Morreu à quase um mês

Mas, olha o que ela fez!

Esse florido comovente

As flores brotaram mesmo!

Que beleza! Quem diria!...

Exclamou estas palavras

Com uma enorme simpatia

Olhando a paisagem pela janela

De que adiantou o trabalho dela?

Se o melhor ela não via!

Nesse instante, ouviu risos de crianças

Vindas do banco a sua frente

Uma garotinha apontava pela janela

Entusiasmada e sorridente

Como se chamam aquelas flores?

Lindas de todas as cores

Que cativa o amor da gente

Entendeu o que a senhora havia feito

Mesmo não estando ali para ver

Fez sua parte, deixou sua marca

Para quem quiser perceber

A beleza para contemplação

E a felicidade de uma boa visão

Que estava a acontecer

No dia seguinte, o homem

Quando no ônibus entrou

Sentou-se junto à janela

E um pacotinho pegou

E assim deu continuidade

Semeando beleza, amizade,

Alegria, entusiasmo e amor.

O futuro depende

Das nossas ações no presente

Se semearmos boa semente

Os frutos serão igualmente

Vamos semear nossas sementes agora

Como fez aquela senhora

Espalhe esta semente!...

Claudia Pinheiro
Enviado por Claudia Pinheiro em 18/02/2012
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