ANO DE ELEIÇÃO (Cordel)
Pois num é que já chegou
Mais um ano de eleição
Tempo de ver candidato
Apertando sua mão
Falando sua linguagem
Mostrando camaradagem
Lhe chamando de irmão.
Passando na sua rua
Como se morasse lá
Entra na sua casa
Senta no chão sem limpar
Lhe escuta com atenção
Come até do seu feijão
Promete que vai voltar.
Não pode ver um menino
Que bota logo no braço
Fala com rico e com pobre
Desdobra todo embaraço
De qualquer um, é padrinho
Vai tentando com jeitinho
Pegar seu voto no laço.
É santinho, adesivo,
Camisetas e bandeiras,
Boné, caneta e cartaz
Chaveiros e até carteiras
Promete o mundo e o fundo
Reza até pra São Raimundo
Padroeiro das parteiras.
Pra tentar lhe agradar
Usa controle remoto
Se o assunto é religião
De todo santo é devoto
De pai-de-santo a irmão
Ateu, budista, cristão
Só não quer perder o voto.
Não tem nenhuma vergonha
De dizer "vote em mim!"
Todo ano de eleição
A coisa é mesmo assim
Mais depois que se elege
De santo, vira herege
De tão bom, vira ruim.
Esquece seu endereço
Seu nome e sua cara
Atende no gabinete
Onde estar é coisa rara
Quando está, diz que não tá
Manda você se lascar
E ainda culpa a secretária.
É por isso que alerto
E guarde no coração
Valorize o seu voto
Neste ano de eleição
Fazendo a coisa certa
Minha gente, fique esperta!
Seu voto vale um milhão.
Pense o trabalho que tem
O eleitor pra votar
Sai de casa logo cedo
Para não se atrasar
Decora número e nome
As vezes fica com fome
Numa fila de lascar.
Não aceite o engodo
De cargo comissionado
Que só dura quatro anos
E quando não é trocado
Não queira feira ou tijolo
Mostre que você tem miolo
Que eleitor não é tapado.
Seja um bom cidadão
Exerça a cidadania
Trate bem os candidatos
Vote certo e com alegria
Assim eles vão notar
Que, na hora de votar
O respeito tem valia.