Viagem ao Pará em Cordel
VIAGEM AO PARÁ CANTADA EM CORDEL
24-01-2012 09-02-2012
CAELIUS FONTOVRA
1- No ano dois mil e doze
Vinte e quatro de janeiro
Segui ao Santos Dumont
Grande homem brasileiro
Pra viajar ao Pará
Confesso meio cabreiro
2- Saí com a minha esposa
Que ia me despachar
E no portão de embarque
Quase me pus a chorar
Tamanha ansiedade
E o medo de decolar
3- Do Rio a Belo Horizonte
Até que foi tudo bem
BH a São Luis
Nossa Senhora intervém
Era muita turbulência
Para chegar a Belém
4- Na área de desembarque
Corria suave brisa
Vejo meu anfitrião
Com toda a comitiva
Me esperavam sorrindo
Demi, Tainá e Mariza
5- Tamanha recepção
Após viagem acanhada
Não acabou ali, não
Preparava, minha cunhada
Uma bela refeição
E muito bem cozinhada
6- Na casa do Waldemir
Que fica em Cidade Nova
Fui conhecendo pessoas
Que gente maravilhosa!
Que faz da vida canção
Mistura de verso e prosa
7- De toda a minha aventura
Estava pronto o roteiro
Iria à UFPA
Depois à bela Outeiro
Entre muitas outras bandas
Do Norte tão brasileiro
8- A noite me chega o Mauro
Para a saudade matar
Homem de grande valor
Major PM em Pará
Casado com a Valéria
E pai da linda Tainá
9- Tainá é minha sobrinha
E agora vou falar dela
Foi minha guia em Belém
Ninguém melhor do que ela
Pra me fazer companhia
E me mostrar sua terra
10- Num dia de sexta-feira
Fomos à UFPA
E para quem não conhece
É a Federal do Pará
Linda universidade
Tem até um rio lá
11- Brincadeiras, travessuras
Durante todo o passeio
Waldemir foi o piloto
E muito pisava o freio
Tainá filmando atenta
Curtíamos sem receio
12- Em casa um belo almoço
Por conta da minha sogra
Excelente cozinheira
E carinhosa de sobra
Mas fica muito danada
Se a mesa ninguém aprova
13- Longa prosa com Valéria
Minha vaidosa cunhada
Mulher de enorme fibra
Que não se sente acanhada
Nos passos de sua vida
Pegou até na enxada
14- No sábado foi marcada
A ida a um casamento
De dois amigos do Mauro
Amigos de juramento
Franknilde e Francinaldo
Recebem o Sacramento
15- Fez marca na minha história
O que agora vou contar
Não é que no casamento
Paraense serve jantar?!
Com três pratos diferentes
Delícias pra se esbaldar
16- E tudo era novidade
Naquela terra encantada
Marcamos mais um passeio
Após essa madrugada
Visita ao Caixa Parah
Clube pai d’égua danada
17- Gentileza do Vieira
Pessoa de coração
Também já foi fuzileiro
E gosta de emoção
Reservou-nos uma mesa
Serviu-nos um churrascão
18- Despertou-me a natureza
Simplicidade e mais nada
Bem ao fundo da piscina
Onde toda dor se apaga
Tem areia, não ladrilho
Que gostosa água gelada!
19- Na volta então nós passamos
No bar da amiga Ivanilde
Do Maranhão ao Pará
Mulher de timbre humilde
Que vive para servir
E serve sem dar palpite
20- A feira do Ver-o-peso
Outra aventura surgia
Em plena segunda-feira
Waldemir pegando a via
Dona Mariza em Bolonha
Com sua amiga Luzia
21- Chegando à dita feira
Famosa pelo seu porte
Suas barracas ordeiras
Quanta atração neste Norte!
Conheço dona Cecília
E a sua tenda da sorte
22- Isso foi muito engraçado
Tainá com sua a palhaçada
Fez comprar o óleo da bota
Pra Júlia, que está encalhada
Tá postado no youtube
Quem ver dá boa risada
23- Depois nós fomos à Sé
Igreja de fino porte
Tem um lindo órgão de tubos
Bem afinado no acorde
E também imagens sacras
Comuns na Região Norte
24- Pegamos Dona Mariza
Luzia, a amiga de fé
E fomos para a Basílica
Senhora de Nazaré
Dos olhos desceram lágrimas
Só quem vê sabe como é
25- Repousava na varanda
Nos momentos de descanso
E sorria para a chuva
Da rede em suave balanço
Pedia a Nossa Senhora
Que eternizasse esse encanto
26- Naquelas lindas manhãs
Aproveitava os instantes
Eu ia ao Jamelão
Árvore tão radiante
Meu companheiro calado
Que me falava bastante
27- Brinquei muito com Beethoven
Um cachorro inteligente
De pelo que é preto e branco
Beethoven pensa que é gente
Entende o que nós falamos
E late imitando a gente
28- Conheci Seu Manoel
E sua linda mulher
Em uma vendinha humilde
Me recebiam de pé
E aprendi bem mais da vida
Viver é um ato de fé
29- Tinha um cabra taxista
Que é muito de gente boa
Trazia, à tarde, o jornal
Mais não pra qualquer pessoa
Chamava-me carioca
Gostava de rir à toa
30- E em uma bela noite
Chegava o Josiel
Mateiro de Marajó
Um grande amigo fiel
Conversa pra lá de horas
Regada à CERPA que é um mel
31- Como esse povo não para
Quarta-feira é aniversário
Da minha amiga Maria
Que adora o seu trabalho
É Mestra em Sociologia
No SEDUC, um relicário
32- Uma festa radiante
Brincadeiras inocentes
Brinquei de pique esconde
Lembrei minha infância ardente
Bandeirinha com as crianças
Não temos mais isso, gente!
33- Tem um moço lá na esquina
Que atende por Jabuti
Trabalha em um borracheiro
Seu nome é Waldemir
Nome também do meu sogro
Que me hospedou aqui
34- Na Igreja de Santo Antônio
Tivemos lá sem preguiça
Waldemir disse - É novena
Mas o padre rezou Missa
Fomos numa quinta-feira
Com Tainá e Mariza
35- Continuando a história
Da minha ida ao Pará
No Parque Zoobotânico
Também fui com a Tainá
Muitas plantas, muitos bichos
Quanta coisa pra contar
36- Tinha um jacaré enorme
Que recusou o jantar
O “Jacaré Waldemir”
Que frango não quer provar
Ficou logo apelidado
Isso eu tinha que contar
37- Em meio às criaturas
Muitas fotos e sorrisos
A anta, a ariranha e as aves
Fazem-se nossos amigos
Até a “Arara Valéria”
Tirou uma foto comigo
38- E mais um dia se passa
E a noite cai bem serena
E minha afilhada insiste
Padrinho, e o cinema?
Fica pra amanhã, princesa
Hoje já valeu à pena
39- Fomos ver Sherlock Holmes
Na noite de sexta-feira
Eu Tainá e Mariza
Lá no Shopping Castanheira
Foi muito bem divertida
Essa nossa brincadeira
40- A nossa ida a Salinas
Um grande acontecimento
De carro, mais de duas horas
Ao som do sopro do vento
Regido pela paisagem
Mais bela a cada momento
41- Na praia um grande mistério
Coisa muito curiosa
Os carros andam na areia
Bem firme e muito formosa
E quando a maré avança
Não deixa a gente nervosa
42- Pois tem o bar “Luz do Sol”
E outro que é “Minha Deusa”
Os empregados de lá
Não ficam na incerteza
Se a maré vai subindo
Sobem com cadeira e mesa
43- Dei umas voltas sozinho
Pra conhecer o lugar
Toda vez que retornava
O povo, pra me gozar
Ligava pra minha esposa
Onde seu marido está?
44- Do paraíso do Norte
Fomos mais ao interior
Fui conhecer um sujeito
Com fama de escritor
Ele se chama seu Mário
Um baita de um professor
45- Seguindo pra Tauari
Paramos pelas estradas
Mauro visitou parentes
Que a tempo não visitava
Tomava água de coco
E tudo que desejava
46- Ao entardecer pungente
Chegamos à região
Depois de muitas estradas
Que marcam o coração
No lar de Dona Maria
Foi muita satisfação
47- E Tauari recebeu
O carioca danado
Que brinca com todo mundo
Mas sabe ser educado
Na casa do pai do Mauro
Foi pra lá de bem tratado
48- Até um dos papagaios
Quase me levou ao céu
Foi filmado, é verdade
O Bicho cantou o “Créu”
E eu canto pra ele agora
O meu presente em cordel
49- Enfim nos chega seu Mário
Homem bem religioso
Católico praticante
Bem simples nada nervoso
Que ama Nossa Senhora
E sabe ser bom esposo
50- Foram mais de duas horas
De papo ao pé da mesa
Eu lia os seus escritos
E ele me dava certeza
Das histórias verdadeiras
E da sua natureza
51- Até um dia, Seu Mário
Foi essa minha despedida
Com lágrimas nos meus olhos
Iniciei a partida
Seguimos rumo a Ourém
Pra outra casa querida
52- Mais campos e paisagens
Resgato em minha memória
Talvez um tanto imprecisa
De toda essa minha história
Mas canto o que for preciso
Não quero nenhuma glória
53- No Igarapé das Pedras
Fomos visitar a Mana
Cujo nome é Sueli
Mulher pra lá de bacana
E que recebe tão bem
Todos aqueles que ama
54- Foi logo servindo a mesa
Delícia de carne assada
No copo muita cerveja
Que baita de mulher brava!
Mas de enorme gentileza
Que nela nunca se acaba
55- De volta à Ananindeua
Na casa em Cidade Nova
De novo Dona Mariza
Fazendo comida nova
Um lanchinho antes do sono
E ai de quem não aprova
56- Já vem o dia chegando
Após a noite mimosa
No aconchego do quarto
Em minha cama gostosa
Onde passei quinze noites
Da vida que se fez nova
57- Waldemir meu anfitrião
Foi um dia me levar
Num belo de um Grupamento
Para a saudade aplacar
Conhecendo os Fuzileiros
Em uma base no Pará
58- Senti-me muito honrado
Com tanta hospitalidade
Dos meus amigos de farda
Que fazem a caridade
Levando aos ribeirinhos
A paz em sua bondade
59- Bateram muitas saudades
Isso não posso negar
Da minha esposa querida
Das minhas plantas; meu lar
E todos meus animais
Que eu não pude levar
60- Pensei em minhas irmãs
E em minha mamãe querida
Senti a falta da Júlia
A minha filha atrevida
Sentir saudades faz bem
Pois é estar de bem com a vida
61- Batia também saudades
Dos queridos professores
Da minha amiga Jarline
E tantos outros amores
Da minha orientadora
Mulher de muitos valores
62- Até da Doutora Lina
Que é minha psiquiatra
Uma doçura de amiga
Que minha doença trata
E me dá tantos conselhos
Pra vida não ser ingrata
63- Sem falar do meu padrinho
Querido Padre Rolando
Senhor de porte elegante
Que leva a vida ensinando
E me ensinou muitas coisas
Até o erudito canto
64- À querida Tatiana
Canto agora no final
Mulher de Cultura Grega
Pessoa especial
Mas que despreza os latinos
E é só este o seu mal
65- Assim, fico dividido
Entre ficar ou partir
São tantos amigos lá
E tantos que fiz aqui
A vida é sempre tensão
Entre o chorar e o sorrir
66- Faltava ainda contar
As muitas coisas que fiz
Naquele imenso Pará
Que é grande porque Deus Quis
Mas resumindo lhes digo
Que lá fui muito feliz