Já era! Perdeu, Nem! (A prisão do traficante Nem)

Desde o início do mundo

Que a vida é árdua e dura

Mas o homem desde então

Uma solução procura

Diz a Bíblia que o trigo

Com o joio se mistura.

E junto ao bem e o mal

O homem sempre caminha

Ora pende pra um lado

Ora pende pra outra linha

Sem saber que a vaidade

Deste mundo é a rainha.

Querendo dinheiro fácil

Pra comprar felicidade

Esquece o amor ao próximo

Se enche de vaidade

Esquece que Deus existe

E segue a perversidade.

E foi por este caminho

Que Antônio Francisco Bonfim

Conhecido como Nem

Tornou-se um homem ruim

Foi para o mundo do tráfico

Determinando seu fim.

Como rei morto é rei posto

Já diz o velho ditado

Também é assim na favela

Se o chefe é assassinado

Entra outro em seu lugar

Continuando o reinado.

E assim se segue o curso

De quem na vida caminha

E Nem seguiu seu destino

Feito uma erva daninha

Partiu pro mundo do tráfico

Na favela da Rocinha.

Saulo, seu grande parceiro,

Cuidou de organizar

As finanças da quadrilha

Para seu lucro aumentar

Como grande estrategista

Fez a coisa melhorar.

Organizou os “soldados”

E com bastante cautela

Reforçou o arsenal

Pôs homem em cada viela

Instalou laboratório

Dentro da própria favela.

Depois da prisão de Saulo

Nem herdou todo o reinado

Com mais de 300 homens

E com um arsenal pesado

Apenas continuou

O que haviam começado.

Governou com mão de ferro

A todos impôs terror

Destruiu seus inimigos

Com crueldade e horror

E da imensa Rocinha

Tornou-se o único senhor.

Com muita organização

Viu seu reinado crescer

Quem tá no mundo do crime

É pra vencer ou perder

E Nem sempre deixou claro

Sua sede pelo poder.

Portanto se sentisse

Por alguém ameaçado

Fosse ele um inimigo

Ou mesmo seu aliado

Com certeza esse risco

Seria logo eliminado.

Assim é o mundo do crime

Feito de mal e traição

Quem quiser ter o poder

Não pode ter coração

Com Nem não foi diferente

Não conhecia o perdão.

Mas pra ser imperador

Tem que ser um grande artista

Na área das artimanhas

Deve ser estrategista

Se não logo, logo roda

Fica sozinho na pista.

No cruel mundo do tráfico

Onde tudo é ilegal

Tem-se que comprar a Lei

Corromper policial

Tudo ali é permitido

Toda maldade é normal.

Portanto para ser chefe

Tem que ficar bem ligado

Ser esperto, ser temível

E por todos respeitado

Pois com o menor dos vacilos

Pode ser eliminado.

E Nem, que não era bobo,

Tudo isso já sabia

Pois desde que era jovem

Essas normas conhecia

Então usou como regra

A mesma filosofia.

O governador do Rio

Num plano bastante ousado

Quer recuperar o terreno

Que um dia foi do Estado

E está nas mãos de bandidos

Pelo tráfico dominado.

Pra retomar a Rocinha

Uma ação foi planejada

E os bandidos, com medo

Bateram em retirada

Inclusive o próprio Nem

Tinha a fuga preparada.

O vento que sopra cá

Ele sopra lá também

Pra tudo tem o seu dia

Seja pro mal ou pro bem

E assim como é pra todos

Assim também foi pro Nem.

E foi no mês de novembro,

Madrugada do dia 10

A sorte de Nem mudou

Meteu as mãos pelos pés

E a vida do bandido

Sofreu um grande revés.

Acostumado ao poder

E jamais ser afrontado

Nem matava e corrompia

E ameaçava o Estado

Enfim, numa madrugada

Ele foi capturado.

Quem quiser vencer o jogo

Precisa soltar a bola

Por mais que alguém seja esperto

Esse alguém um dia se enrola

Nem foi preso feito um rato

Na mala de um Corolla.

A Polícia muitas vezes

É de causar calafrio

Ao lembrar da “Banda podre”

Chega a me dar arrepio

Mas nem todos são corruptos

Também há homens de brio.

Ao ser preso pelo Choque

Ofereceu um milhão

Pra que liberassem o carro

Findando ali a questão

Mas pra surpresa de todos

A Polícia disse “Não!”

Um dos homens do bandido

Disse ser do Consulado

Da República do Congo

Mas era um advogado

Que desrespeitava a Lei,

Pela Lei será julgado.

Nem tinha um grande poder

E disso fazia questão

Era o dono da favela

Dela jamais abria mão

Pra isso pagava a forte

Rede de corrupção.

Matava seus inimigos

Era frio e abusado

Para manter seu domínio

Contratava advogado

Corrompia policial

E ameaçava o Estado.

O mundo dá muitas voltas

A vida num é só jardim

Um dia o preço é cobrado

Paga o bom, paga o ruim

Nem para o Nem da Rocinha

Será pra sempre Bomfim.

Existe um velho ditado

Há tempos é proferido

Que quem com o ferro fere

Com o ferro será ferido

Portanto, homens não sejam

Pelo poder seduzido.

Procurem o caminho certo

O homem bom sempre pensa

Tudo que vem muito fácil

O homem de bem dispensa

Pois é sabido por todos

Que o crime não compensa.

Nem escolheu seu caminho

E dele tem consciência

Pois quis viver uma vida

De vaidade e opulência

Agora onde ele está

Os seus crimes pagará

E só Deus terá clemência.

Fim da linha

Poeta do Riacho
Enviado por Poeta do Riacho em 15/02/2012
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