AS BODEGAS DO PASSADO

Hoje, vejo admirado

Tanto shopping em Natal

Natal Shopping, Via Direta,

Norte Shopping, Midway Mall (Mal)

Estação, Cidade Jardim

Fica difícil pra mim

Dizer qual o mais legal.

Mas nada substitui

As bodegas do passado

O queijo era de manteiga

No papel manteiga embrulhado

Não tinha cheque ou cartão

O freguês era um irmão

Podia comprar fiado.

Café moído na hora

E vendido a granel

Amava aquele cheirinho

Embrulhado no papel

Duzentos e cinquenta gramas era uma quarta

Feijão, farinha, manteiga de lata

Pesa pra mim, seu Manoel!

Carne de sol, tripa seca

Penduradas num cordão

Bacalhau, fumo de rolo

“Avoador” no balcão

Gás do bom pra lamparina

E pros menino e menina

Puxa-puxa de montão.

Alpercata, baladeira

Trança de alho, abanador

Uma grade de Grapette

Côco seco, lambedor

E pro doutor melhorar

Tem todo tipo de chá

Pra difruço e pra dor.

Hoje, eu sinto saudade

Das bodegas do passado

Onde se achava de tudo

Naquele humilde mercado

Onde a gente proseava

Se divertia e comprava

Num shopping mais sossegado.