ÀS VEIZ EU ME PREGUNTO
Grigóriu dus Mattus*
 
 
Às veiz eu mi pregunto
pru  quê ateimo in iscrevê
pru quê di tantos assunto
qui eu rabiscu prá voismecê
Tem veis qui eu fico de luto
parece que ninguém vê
Mai sou um pobre matuto
isperá dimais pra quê?
 
Eu canto u canto da terra
das serra e dos riachim
Ansim, meu peito encerra
a terra dentro de mim
 
Quem dera o cio da terra
rompesse dentro de mim
que fosse a paz, a quimera
a crescê nu meu jardim
Num sei pruquê tanta guerra
i tanta inveja ruim
ansim as coisa emperra
é ruim procê e prá mim
 
Eu canto u canto da terra
das serra e dos riachim
Ansim, meu peito encerra
a terra dentro de mim
 
Já chega di tanta miséra
nas árma dus homi bendito
Já chega di tanta espéra
mó di terminá us conflito
As criança é tão sincera
( achu isso tão bunito)
Já chegou a primavera
deixêmo di lado us atrito
 
Eu canto u canto da terra
das serra e dos riachim
Ansim, meu peito encerra
a terra dentro de mim
 
* Grigóriu dus Mattus é heterônimo de Jorge Linhaça
 
Arandú, 22 de setembro de 2008